a pele e seus anexos cutâneos estão sujeitos a uma variedade de alterações tumorais não neoplásicas e neoplásicas e o exame histopatológico é a técnica padrão ouro para classificar a lesão. No entanto, o mesmo requer sedação ou anestesia geral do paciente para colheita de material, necessidade de fixação dos tecidos e, por isso, exige-se maior tempo para liberação do diagnóstico. A citologia, por sua vez, compreende o estudo das células com o objetivo de tentar avaliar a possível benignidade ou malignidade do espécime. A obtenção das amostras citológicas é simples, rápida, apresenta baixo custo, e, na maioria dos casos, é indolor e não há necessidade de submeter o paciente à sedação. Além disso, comparado à histopatologia, a liberação do laudo citológico é mais rápida. Dentre as diferentes formas para a colheita há a citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) a qual é amplamente utilizada na medicina veterinária como uma importante ferramenta de triagem e auxílio ao diagnóstico. O objetivo deste estudo retrospectivo e prospectivo foi estabelecer a concordância diagnóstica entre a CAAF e a histopatologia para tumores cutâneos e subcutâneos em cães, a fim de determinar a sua acurácia, bem como sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN) para o diagnóstico de neoplasmas. Lâminas citológicas de lesões tegumentares em cães, obtidas por meio da CAAF, entre janeiro de 2017 a maio de 2019, arquivadas no Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias (LACVET) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e, para as quais havia o respectivo exame histopatológico, realizado no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV-UFSM), foram incluídas no desenho experimental. As lâminas de CAAF foram revisadas em microscopia óptica por uma patologista clínica com três anos de experiência e sem o conhecimento do laudo histopatológico. As amostras foram classificadas em não neoplásicas (lesões císticas e inflamações) e neoplásicas, de acordo com a citomorfologia em epitelial, mesenquimal, de célula redonda ou tumor melanocítico e, quando possível, nas diferentes categorias específicas e em benignos ou malignos. Oitenta e cinco lâminas de CAAF foram revisadas. Destas, 70 foram classificadas como neoplásicas e 68 confirmadas no histopatológico. Já 15 lâminas de CAAF foram classificadas como não neoplásicas e destas, 11 foram confirmadas pela histopatologia. Duas lâminas citológicas receberam diagnósticos falso positivos e em quatro diagnósticos falso negativos. A acurácia da CAAF para o diagnóstico de tumores cutâneos e subcutâneos foi de 93% (79/85). Para o diagnóstico das neoplasias, a sensibilidade foi de 94,44% (68/72), especificidade de 84,62% (11/13), VPP de 97,14% (68/70) e VPN de 73,33% (11/15). Conclui-se que a CAAF configura-se como uma excelente ferramenta auxiliar diagnóstica para tumores cutâneos e subcutâneos em cães. A técnica apresenta possíveis desvantagens como a obtenção de amostras não diagnósticas ou de resultados falso negativos ou falso positivos. No entanto, a CAAF apresenta elevada sensibilidade para o diagnóstico de neoplasias. Além disso, Portanto, a citologia aspirativa deve ser realizada, sempre que disponível, na rotina veterinária, podendo ser um aliado bastante fidedigno para a conduta imediata na abordagem clínica do paciente.