Introdução: Frequentemente sintomas neuropsiquiátricos, como agressividade e agitação, são observados em idosos com Doença de Alzheimer (DA), ocorrendo em cerca de 90% deles ao longo da doença. Apesar do tratamento não farmacológico ser a primeira escolha, fármacos como antipsicóticos e antidepressivos são utilizados off-label. Objetivo: Estudar o perfil farmacoterapêutico relacionado à agitação e ao comportamento agressivo em indivíduos com DA atendidos em regime ambulatorial em centros especializados no Distrito Federal. Métodos: Estudo observacional, longitudinal e descritivo realizado com amostragem de conveniência em 11 centros de atendimento a idosos com DA (critérios do DSM-5) da Secretaria de Estado de Saude do Distrito Federal no ano de 2018/2020, que apresentaram na consulta médica sintomas comportamentais de agressividade e/ou agitação segundo o Inventário Neuropsiquiátrico (NPI) e que havia necessidade de intervenção farmacológica. Dados sociodemográficos e variáveis clínicas foram coletados na consulta. A análise estatística abordou descrição das variáveis categóricas realizadas por meio do cálculo das frequências e variáveis contínuas por estatística de posição. Resultados: A amostra compreendeu 369 idosos com média de idade de 82,3 ± 7,7 anos. Os fármacos mais utilizados para o controle comportamental foram os antidepressivos (79,1%), inibidores da acetilcolinesterase (76,6%), antipsicóticos (70,2%), Memantina (30,9%) e estabilizadores do humor (9,5%). Apenas 10,6% utilizavam benzodiazepínicos. A associação farmacológica mais prescrita foi a combinação de antipsicótico, antidepressivo e anticolinesterásico, em 21% dos individuos. A Quetiapina foi o antipsicótico mais usado (48,5%), com dose média diária de 57,4 ± 40,7mg. Na classe dos antidepressivos o citalopram foi o mais usado (32,0%) com dose média de 24,1 ± 8,1mg. Conclusões: O controle dos SNP representa um desafio extra no tratamento de pacientes complexos e frágeis, como os com DA. Informações críticas e regionalizadas podem ajudar os profissionais de saúde a minimizar danos potenciais em vários pontos de decisão, uma vez que a prescrição adequada para a população idosa com demência e seu seguimento com olhar integral é um desafio diário para médicos e equipe multiprofissional de saúde.
São necessárias ações de educação em saúde para os prescritores e demais profissionais de saúde, a fim de que os SNP sejam diagnosticados precocemente e o tratamento adequado seja instituído, tanto o não farmacológico quanto o farmacológico.