criação de búfalos (Bubalus bubalis) no Brasil se consolida cada vez mais como
importante fonte econômica alternativa a bovinocultura por suas características de
rusticidade e adaptabilidade. O estado do Pará destaca-se por concentrar o maior
rebanho bubalino brasileiro com um efetivo aproximado de 519 mil animais. O
botulismo em bovídeos é uma doença de grande importância econômica e sanitária,
sendo uma das principais causas de mortalidade de animais adultos no Brasil. A
vacinação com os toxoides C e D de Clostridium botulinum é a forma mais efetiva de
controle desta doença, contudo, apesar da eficiência, os toxoides botulínicos
comerciais apresentam limitações no que diz respeito a sua produção industrial: i- C.
botulinum produz baixos níveis de neurotoxina botulínica (BoNT) in vitro; ii- a produção
em larga escala é laboriosa, onerosa e sua produtividade dificilmente previsível e; iii-
a produção industrial exige a adoção de normas muito exigentes de biossegurança.
Dentro dessa ótica as vacinas utilizando proteínas recombinantes vêm apresentando
resultados promissores como ferramenta alternativa na imunização animal. Diante da
importância da doença e das dificuldades na produção da vacina comercial este
projeto teve como objetivo avaliar a eficiência de um toxóide recombinante contra
botulismo em bubalinos estabelecendo a curva de anticorpos neutralizantes.
Cinquenta búfalos adultos sem histórico de vacinação contra botulismo e
níveis detectáveis de anticorpos contra BoNTs C e D foram agrupados aleatoriamente
em cinco grupos de dez animais: Grupo Vacina Recombinante 100µg (G1), Grupo
Vacina Recombinante 200µg (G2), Grupo Vacina Recombinante 400µg (G3), Grupo
Vacina Comercial (G4) e Grupo Controle Negativo (G5). Os bubalinos do G1, G2 e
G3 foram vacinados com a vacina recombinante contendo diferentes concentrações
da proteína recombinante 100µg, 200µg e 400µg, respectivamente, G4 com vacina
comercial e o G5 receberam solução salina estéril (NaCl 0,9%). Todos os animais
receberam duas doses, num volume por dose de 5ml, por via subcutânea, na tábua
do pescoço, nos dias zero e 28 após a primeira dose. Foram realizadas coletas de
amostras sangue nos dias 56, 90, 120, 150, 180, 210, 240, 270, 300, 330 e 365. As
amostras foram centrifugadas e os soros submetidos a técnica de soroneutralização
em camundongos. No teste de potência aos 56 dias após a vacinação a formulação
recombinante com concentração 400µg foi aquela que conseguiu induzir resposta
imune humoral com os maiores títulos. No teste de eficiência (longevidade vacinal) a
formulação de 200µg do ponto de vista custo/benefício, foi a mais eficiente para a
produção em grande escala e, portanto, a formulação a ser escolhida.