O tipo de personalidade dos animais pode influenciar nas suas escolhas, na forma como lidam
em ambientes de cativeiro e nos comportamentos relacionados ao estresse. Esta tese analisou
tais aspectos em 20 macacos-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos) alojados no
Parque Zoobotânico Getúlio Vargas, Salvador-BA em três condições diferentes de recintos:
G1 (sem exibição ao público, n=6), G2 (próximo ao público, n=8) e G3 (afastado do público,
n=6). O capítulo um teve como objetivo comparar os métodos de traços comportamentais
individuais e codificação comportamental para acessar os diferentes aspectos da personalidade
(estabilidade e plasticidade) desses animais e avaliar sua relação nas diferentes condições de
recintos. No método de codificação comportamental foi possível determinar diferenças nas
personalidades de acordo com as condições do recinto, revelando características plásticas da
personalidade dos animais nas dimensões: exploratória (P = 0,04), socialidade (P = 0,01),
atividade geral (P <0,001) e atenção ( P <0,001). Os animais mantidos no recinto sem exposição
ao público passaram mais tempo em atividade gerais e alerta e menos tempo em socialidade do
que os mantidos no recinto mais próximo do público (P <0,05). O grupo mais afastado do
público passou mais tempo explorando do que os outros grupos (P <0,05). Os traços
comportamentais individuais revelaram as dimensões "ansioso" e "brincalhão", características
que se mostraram estáveis, independente do recinto habitado. Portanto, a codificação
comportamental e os traços comportamentais individuais mostram informações
complementares sobre a personalidade de S. xanthosternos. O capítulo 2, por sua vez, teve
como objetivo acessar a personalidade dos mesmos 20 macacos-prego-do-peito-amarelo usando o método de traços comportamentais individuais aplicado no capítulo um para analisar
sua relação com o uso de enriquecimento ambiental seguindo o paradigma ABA. As fases A1
e A2 corresponderam ao controle (rotina do zoológico) e a fase B, correspondeu a aplicação de
EA. Cada fase teve duração de 10 dias e foi utilizado o método de observação animal focal. Os
indivíduos foram classificados em duas dimensões de personalidade denominadas ‘ansioso’ e
‘brincalhão’. Na fase A1, foi observado que quanto mais ‘ansioso’ o indivíduo, maior sua
agressividade (F1, 19 = 8.96, R2 = 0.30, P = 0.008, N = 20). Com a introdução do EA, os animais
do G1 aumentaram o tempo em alerta e atividades gerais, reduzindo a socialidade,
agressividade e inatividade. Os animais de G2 e G3 não alteraram sua socialidade com a
introdução de EA e diminuíram a agressividade e inatividade. Os resultados mostram que há
respostas diferentes com relação ao EA dependendo do tipo de personalidade de S.
xanthosternos. Também foi detectado que o tipo de EA utilizado não foi totalmente positivo
para o G1