Alguns eventos mediados por macrófagos contribuem para um aumento da pressão arterial e do dano renal culminando na hipertensão. Há indícios de que a relação entre os fenótipos macrofágicos M1 e M2 seja o componente responsável pelo desenvolvimento e manutenção da hipertensão. Entretanto, o desequilíbrio entre os fenótipos e os mecanismos subjacentes ainda não foram clarificados. Além disso, ainda não se sabe se o marcador YM1/Chi3l3 tem funções na hipertensão arterial e na nefropatia hipertensiva. YM1/Chi3l3 é uma proteína semelhante a quitinase-3, expressa por macrófagos M2 em diferentes tecidos de camundongo e está associada à recuperação e restauração funcional. Os experimentos foram feitos com 2 modelos de animais. MODELO 1. Camundongos machos C57BL/6 de 10 a 12 semanas de idade foram separados em dois grupos, controle normotenso (C) (n=6) e hipertenso (H) (n=6). Os grupos experimentais receberam ou salina ou Ang II. A infusão foi feita por meio de minibombas osmóticas por 25 dias. A pressão arterial sistólica foi aferida por pletismografia. A expressão de genes relacionados à polarização de macrófagos M1 e M2 foi avaliada nos rins por PCR em tempo real. MODELO 2. Foram utilizados camundongos transgênicos que super expressam a forma de angiotensinogênio de rato (TGM(rAOGEN)123, TGM123-FVB/N), machos, hipertensos, de 10 a 12 semanas de idade (n=9) e controles normotensos (FVB/N) (n=9). Células da medula óssea foram isoladas dos fêmures e tíbias dos animais. Para promover a polarização nos fenótipos M1 e M2, as células foram tratadas com LPS+IFN-γ e IL-4+IL-13, respectivamente. Os rins dos animais TGM123-FVB/N também foram examinados. Foi utilizado o PCR em tempo real para analisar a expressão de genes, bem como ELISA, western blot, CBA, imunofluorescência e histologia para avaliar os níveis de proteína. MODELO 1. Após os vinte e cinco dias de infusão com Ang II, foi encontrado um aumento na PA, no entanto, não verificamos alterações significativas nos rins dos animais hipertensos. MODELO 2. O grupo transgênico hipertenso estimulado in vitro para o fenótipo M1 não apresentou diferença significativa na expressão de CD86, um marcador de M1, comparado ao grupo controle. Entretanto, quando estimulados para M2, macrófagos do grupo de hipertensos (TGM123-FVB/N) mostraram um aumento significativo na expressão de CD206 (M2) e a relação M2/M1 atingiu 288%. Nos rins, a histologia confirmou os altos níveis de colágeno renal. Encontramos infiltração de macrófagos predominantemente polarizados para o fenótipo M2, associados à níveis elevados de YM1/Chi3l3 (91,89%). MODELO 1. Apesar da confirmação do estado hipertensivo, os vinte e cinco dias de aumento na pressão arterial não foram suficientes para induzir alterações na polarização de macrófagos no rim dos animais. MODELO 2. Este estudo revelou um importante papel dos macrófagos M2 e da proteína YM1/Chi3l3 na nefropatia hipertensiva em um modelo de hipertensão arterial. Nossos resultados indicam que, quando estimulados in vitro, os macrófagos de camundongos transgênicos hipertensos são predispostos a polarizar para um fenótipo M2. Estes dados suportam os resultados nos rins, onde encontramos infiltração de macrófagos predominantemente polarizados para o fenótipo M2, associados a níveis elevados de YM1/Chi3l3 (91,89%), sugerindo que YM1/Chi3l3 pode ser um biomarcador de nefropatia hipertensiva.