O estado do Rio de Janeiro (ERJ) tem como característica de sua agricultura, sua diversificação, com a produção de hortaliças, culturas anuais, perenes e florestais, sendo que grande parte estão em regime de sequeiro, no qual utiliza exclusivamente água proveniente das chuvas para produção e são sensíveis aos extremos climáticos. Nesse contexto, o fenômeno veranico, que são sequências de dias secos no período chuvoso, com forte insolação e altas taxas de evapotranspiração, prejudica o rendimento hídrico das culturas e sua produtividade. Os estudos sobre sua ocorrência são de vital importância no planejamento agrícola e na gestão dos recursos hídricos, porém deficitários no ERJ. Portanto, esse estudo tem como objetivo principal propor uma metodologia eficiente para caracterizar as ocorrências de veranico no estado do Rio de Janeiro, com base em ferramentas estatísticas e geoprocessamento. Para isso, foram utilizados dados pluviométricos de 1995 a 2017 de todo o estado e de municípios de estados vizinhos, obtidos na base de dados Hidroweb da Agência Nacional de Águas (ANA). A partir disso, foi aplicado a regressão linear simples (RLS) para preenchimento de falhas através de um programa em PHP denominado Veranico-RJ. Testes estatísticos de Shapiro-Wilk, Anderson Darling, Lilliefors, Jarque-Bera e Bartlett a série temporal, no qual apresentaram a existência de não normalidade e não homogeneidade das chuvas para o ERJ. A geoespacialização dos dados de veranicos foi baseada no método de interpolação Spline, onde foram gerados mapas que indicam os locais de maiores ocorrências, seguido da categorização dos veranicos e o teste de Mann-Kendall (MK) para todo estado na forma tabular e algumas localidades na forma espacial. A metodologia aplicada considerou que veranico seria a sequência de dias secos com chuva < 1 mm, e foram divididos em 4 classes de acordo com as suas durações. O estudo demostra que para as classes definidas para os veranicos no ERJ foram observados os seguintes resultados, classe A (3-6 dias, 70,03%), classe B (7-10 dias, 17,98%), classe C (11-14 dias, 6,08%) e classe D (15 dias ou +, 5,91%). Vale ressaltar alta variabilidade espaço-temporal dos veranicos e, ainda a relação de sua ocorrência com o regime de chuvas do estado, sendo regiões ao Sul do ERJ, com os maiores registros de chuvas, principalmente nos locais próximos as serras fluminenses, que apresentaram menores ocorrências de veranicos longos, já regiões ao Norte do ERJ, com os menores registros pluviométricos, apresentaram maior ocorrência de veranicos de longa duração, principalmente no mês de fevereiro e março. O teste de MK apontou que existe uma tendência de redução de veranicos de curta duração (Classes A e B), por outro lado há um aumento de veranicos de longa duração (Classes C e D). O modelo teórico conceitual que foi elaborado, mostra a relação observada entre o regime de chuvas do estado e a ocorrência de veranicos nas suas extremidades. Logo, a metodologia proposta foi capaz de caracterizar a ocorrência de veranicos e fornecer informações que possam ajudar no planejamento agrícola e dos recursos hídricos.