A macroalga Gelidium tem grande importância comercial por ser fonte de ágar, um polissacarídeo amplamente utilizado pela indústria. Porém, grande parte da produção mundial é obtida quase que exclusivamente da sua extração de bancos naturais, estimulando pesquisas que visem o cultivo deste gênero. Recentemente, a importância dos íons de cálcio no processo germinativo de esporos foi demonstrada, promovendo um importante avanço no conhecimento de tecnologias de cultivo. Por outro lado, o cultivo de mexilhões e ostras no Sul do Brasil, desempenha um papel significativo na maricultura, gerando grande quantidade de resíduos em forma de conchas. Essas, formadas em sua maior parte por carbonato de cálcio, são descartadas em vez de serem reutilizadas para produzir material de valor agregado provocando, consequentemente, impactos ambientais, sociais e econômicos negativos. Este trabalho teve como objetivo melhorar as técnicas para o cultivo da espécie G. floridanum, aproveitando os sais de cálcio das conchas. Tetrásporos e explantes foram cultivados em laboratório por 20 dias com água do mar enriquecida com solução von Stosch a 50% nos seguintes tratamentos: 252 mg L-1 (Os1) e 336 mg L-1 (Os2) de pó de concha de ostra Crassostrea gigas, 252 mg L-1 (Mx1) e 336 mg L-1 (Mx2) de pó de concha de mexilhão Perna perna e 147 mg L-1 (Ca1) e 295 mg L-1 (Ca2) de solução de cloreto de cálcio (CaCl2). No controle, não foi acrescentado sais de cálcio nem pó de conchas. Os resultados mostraram que, para a germinação dos tetrásporos, não há diferença significativa entre os tratamentos e controle. Os tratamentos com pó de concha prejudicaram a viabilidade dos tetrásporos, refletida pela presença de massa esverdeada, além de ser observado desorganização celular e atraso no desenvolvimento do tubo germinativo. As plântulas dos tratamentos Mx1 e Os1 apresentaram os menores comprimentos médios em relação ao controle e apenas o tratamento Ox1 apresentou taxa de crescimento inferior ao controle. Entretanto, em todos os tratamentos, plântulas com rizoides bem desenvolvidos foram observadas após 20 dias de cultivo. Em relação aos explantes, os tratamentos Mx1 e Mx2 apresentaram a maior taxa de crescimento com 3,92 e 4,28 % dia-1 e Mx1 apresentou maior formação de eixos eretos com média de 10,15 eixos eretos em relação ao controle. Os resultados indicam que o CaCl2 confere melhor desenvolvimento às plântulas, porém não trouxe melhora na germinação dos tetrásporos, no comprimento e crescimento médio das plântulas de Gelidium floridanum. O uso do pó da concha de mexilhão na concentração 252 mg L-1 é recomendada para otimizar o cultivo de explantes.