A microalga Chlorella vulgaris apresenta em sua biomassa diferentes metabólitos, tais como, lipídios, polissacarídeos, enzimas, proteínas, que auxiliam na produção de agentes cicatrizantes. Um único tratamento não preenche os requisitos para ser aplicado a todos os tipos de lesões cutâneas, tendo em vista que um produto
deve ser selecionado com base na profundidade, extensão, localização e origem da lesão. Desse modo, o objetivo desse trabalho foi realizar a caracterização do extrato de C. vulgaris e da formulação para a atividade cicatrizante. Inicialmente a microalga foi cultivada em meio padrão suplementado com 1% de milhocina. A
biomassa seca foi ressuspendida em tampão na concentração de 50 mg/mL, sonicada e centrifugada para caracterização do sobrenadante, denominado de extrato celular. A caracterização foi realizada pela análise qualitativa de fitoquímicos por ensaio colorimétrico e para o doseamento de fenóis totais foi realizado espectroscopia e expresso por ácido gálico (AG). As proteínas presentes no extrato foram precipitadas com sulfato de amônio, purificadas por cromatografia de troca iônica e o perfil eletroforético analisado por gel SDS-PAGE. Foi realizada atividade hemaglutinante das frações proteicas obtidas utilizando eritrócitos bovinos, equinos e do sistema sanguíneo humano ABO (tipo A, B e O). A citotoxicidade in vitro do extrato celular foi testada em diferentes concentrações em fibroblastos primários. A caracterização da formulação foi realizada através de
estudo organoléptico, avaliação do pH, espalhabilidade e viscosidade. Os excipientes da formulação foram submetidos à espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FT-IR) para análise da estrutura das moléculas, e ao analisador termogravimétrico (TGA) para análise da estabilidade térmica. No extrato foi detectado a presença de terpenos e conteúdo de fenóis totais de 1,35 ± 0,18 mg/g de AG. Na etapa de purificação foram obtidos dois picos, o primeiro eluído a 0,15 M de NaCl e o segundo pico eluído a 1,0 M. Apenas o primeiro pico
demonstrou teor proteico de 250 μg/mL, atividade hemaglutinante de ≥ 2 5 para tipo B e uma única banda com aproximadamente 36 kDa. O extrato apresentou citocompatibilidade, não induzindo efeito citotóxico nas células durante o período de 48h. A formulação apresentou cor esverdeada, textura suave, ligeiramente turva, odor característico do extrato da microalga e pH na faixa de 7,09 ± 0,07. Os resultados do teste de espalhabilidade e viscosidade indicam que a formulação pode facilmente fluir e se espalhar na área aplicada. A partir do FT-IR foi possível observar a presença de amina, carboidratos e terpenos. De acordo com a curva TGA, o percentual de perda de massa final do extrato celular foi de 23,56%, ocorrendo a 218,64 °C. carbopol teve perda de massa de 19,39%, ocorrida a 301,62%. A perda de massa da metilisotiazolinona foi de 94,69%; a curva mostra que a qualidade diminuiu rapidamente até 152,2 °C, principalmente por evaporação da água. A eficácia terapêutica das formulações tópicas é influenciada por fitoconstituintes ativos e características veiculares que desempenham um
papel importante no controle da permeabilidade do medicamento. As biomoléculas ativas provenientes destes microrganismos fotossintéticos tornam-se uma alternativa potencial para o tratamento de doenças, apresentando alta disponibilidade e baixa toxicidade.