No Brasil existem três espécies de gambás, Didelphis aurita, Didelphis albiventris e Didelphis marsupialis. Entre os diversos agentes patológicos que estes hospedeiros albergam, estão os protozoários do gênero Sarcocystis de grande interesse na medicina veterinária por causar a Mieloencefalite Protozoária Equina (EPM). Com a evolução dos métodos de diagnóstico a biologia molecular possibilitou a identificação de espécies em hospedeiros diferentes. Com isso o presente trabalho tem por objetivo avaliar dois métodos de conservação tecidual com a finalidade de melhorar o diagnóstico molecular. Para tanto, foram utilizados cinco gambás D. aurita para a obtenção dos esporocistos contidos na lâmina própria do intestino delgado. Estes foram extraídos da mucosa após digestão da mesma com hipoclorito de sódio 10%. Após a contagem e morfometria dos esporocistos, cada amostra foi padronizada em inóculos contendo 60 e 120 esporocistos em 1 mL, que foram inoculados em periquitos australianos (Melopsittacus undulatus). Dois periquitos foram inoculados com solução de soro fisiológico, perfazendo um total de 12 periquitos. De todos os periquitos que morreram ou foram eutanasiados no período de quatro meses, foram coletadas amostras de tecidos e conservadas a temperatura de -20 ºC com e sem a imersão em álcool absoluto. Foi realizada a biologia molecular dos esporocistos com o primer ITS 18S 9L/1H. Utilizando este mesmo primer foi realizado o diagnóstico molecular dos seguintes tecidos: coração, língua, coxa, peito, fígado, pulmão e cérebro, com o intuito de comparar a eficiência dos métodos de conservação. Como resultado dos valores morfométricos em micrômetros dos esporocistos obtivemos o comprimento médio de 11,2 ± 0,9 (7-15,6) e largura média de 7,7 ± 0,6 (3,8-10,9). Todas as amostras de raspado de mucosa contendo os esporocistos foram positivas para a PCR utilizando o primer ITS. O método de conservação a -20°C sem e com imersão em álcool absoluto apresentaram eficiência na preservação do DNA dos tecidos, embora não foram encontradas diferenças estatísticas significativas entre os dois métodos avaliados. Nas infecções agudas foram observadas lesões histopatológicas em região hepática e pulmonar, com formação de merontes nos pulmões. Nas infecções crônicas foram encontrados 20 cistos maduros e imaturos nos tecidos do peito, coxa e da língua que mensurados tiveram valores em micrômetros de 25,4 ± 7,1 (12,7-34,8) de largura e 45,9 ± 24,6 (16,8-113,0) de comprimento. Com os resultados obtidos podemos inferir que os gambás D. aurita estão parasitados com espécies de Sarcosystis spp. que tem aves como hospedeiro intermediário.