A abordagem cirúrgica agressiva e radical de sarcoma felino por aplicação (SFA) é
primordial para um prognóstico favorável, mas cirurgias extensas com associação de
terapia adjuvantes é descrito como fator predisponentes ao desenvolvimento de dor
crônica em humanos. Diante da escassez de estudos sobre o tema o presente trabalho
avaliou a prevalência de dor crônica e implicações clínicas em felinos com SFA
submetidos a tratamento cirúrgico associados ou não a terapia antineoplásica com
fosfoetanolamina sintética. Foram recrutados 20 gatos para estudo clínico transversal,
sendo 10 gatos submetidos ao tratamento de sarcoma (grupo S) previamente e 10 animais
saudáveis (grupo C). Para todos os animais foi aplicado escala analógica visual (EAVtutor e vet), questionários de qualidade de vida (QV- WSAVA e QV-felinos), mensuração
de alodinia tátil e térmica, mensuração de limiar dolorosa com Monofilamentos de
Semmes-Weinstein (M.SW) e mensuração sérica de interleucina 6 (IL-6) e magnésio total
(Mg). Para o grupo S, foi realizado levantamento de possíveis preditores para a instalação
de dor crônica pós-operatoria persistente (DCPO) e complicações tardias apresentadas. O
grupo S apresentou escore médio para EAV-tutor e EAV-vet de 2,1±3,1 a 2,5±2,5 ,
enquanto o grupo C apresentou EAV-tutor e EAV-vet de 0 ±0, observando-se diferença
significativa em ambos as avaliações entre os grupos, sendo S>C (p = 0,0867) e (p =
0,0001), respectivamente. 3 animais apresentarem tanto EAV-tutor quanto EAV-vet > 4,
indicando dor moderada. Não foi observado diferença quando avaliado QV-WSAVA e
QV-felinos entre os grupos, todavia houve forte correlação entre EAV-Vet e QV-felinos
(r= -0,69) e moderada entre EAV-Vet e QV-WSAVA (r = 0,57). Na avaliação de alodinia
tátil e térmica não houve diferença entre os grupos. Já o limiar dolorosa avaliado com
M.SW os animais do grupo S apresentaram resposta positiva na média de 32±94,37
gramas(g) e grupo C com 300 ± 0 g, observando-se significativa diferença entre os grupos
(C > S, p = 0,0001). Não foi observado diferença entre níveis séricos de IL-6 e Mg entre
os grupo. As alterações comportamentais de lambedura e agressividades mostraram
serem achados significativos com OR =100 e OR =15, entre os grupos respectivamente.
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E margens cirúrgicas extensas e dor pré-operatória foram os fatores para DCPO mais
frequentes nos animais do grupo S de forma significativa (p=0). Conclui-se que os felinos
do grupo S manifestaram alterações compatíveis com a presença de dor, tais como
mudanças comportamentais como lambedura e agressividade, da mesma forma que
menor limiar doloroso ao teste com M.SW. Cerca de 30% dos animais do grupo S
caracterizaram-se como portadores de dor crônica ou DCPO apresentando dor de
intensidade moderada, assim como beneficiaram-se de uso prolongado de medicações
adjuvantes. Todavia mais estudos são necessários para avaliar o papel da terapia
multimodal na prevenção de DCPO em felinos submetidos ao tratamento cirurgico.