A adolescência é uma importante fase do desenvolvimento humano na qual ocorrem grandes modificações nas interações pessoa/ambiente em curto espaço de tempo; nela também se experimenta a vivência de uma crise de identidade que aponta para tomada de decisões, escolhas e desenvolvimento de valores para a vida. Problemas psicológicos internalizantes e externalizantes, esses últimos incluindo problemas de conduta como os comportamentos antissociais, podem estar presentes na adolescência enquanto manifestações de desequilíbrios próprios dos processos de desenvolvimento desta fase do ciclo vital. Por outro lado, a adolescência é etapa da vida com grande potencial de incremento de habilidades e competências, o que se apresenta como alternativa positiva ao pólo negativo de comportamentos antissociais. Sob a ótica da Psicologia Positiva (aquela que ressalta recursos individuais, sociais e comunitários) encontra-se a temática da prossocialidade, vertente do presente estudo. Os comportamentos prossociais inserem-se no rol de recursos de competência e são basicamente relacionados à ajuda, partilha, empatia, cuidado e atenção, e clima positivo; os mesmos são entendidos como comportamentos que favorecem outras pessoas ou grupos, sem busca de recompensas externas ou materiais e podem ser aprendidos, aumentando a probabilidade de gerar reciprocidade positiva nas relações interpessoais e sociais, configurando-se como estratégias para mobilização de recursos protetivos para a saúde mental. O presente estudo, de caráter exploratório e descritivo, teve o objetivo de avaliar problemas psicológicos, competências e comportamentos prossociais com uso de um programa mínimo de incremento de prossocialidade. Foram investigados 21 adolescentes (13 - 15 anos), de ambos os sexos, estudantes de uma escola pública de Santos (SP). Os instrumentos utilizados foram: Youth Self Report (YSR), Escala de Avaliação de Prossocialidade para Adolescentes (EAP-A) (respondida pelos adolescentes e pelo agente escolar), Critério de Classificação Econômica Brasil, Programa Mínimo de Incremento Prossocial (PMIP) e Diário de Campo. Os procedimentos incluíram avaliação e reavaliação do grupo de estudantes após aplicação de 10 sessões de intervenção. Os resultados apontaram uma amostra não clínica, com indicativos de bons recursos e tendências médias de normalidade para competências, problemas emocionais/comportamentais e comportamentos prossociais. Não houve grandes alterações nos escores após a aplicação do programa de intervenção, o que pode ter ocorrido devido à característica não clínica da amostra. Houve tendência ao desenvolvimento xvi positivo nos adolescentes e indicativos do grupo conhecer e reconhecer a importância das ações prossociais com disponibilidade e condições para desenvolvê-las, apesar da não homogeneidade do grupo nas manifestações comportamentais durante o trabalho de campo. Os comportamentos dos estudantes frente ao trabalho realizado mostraram-se coerentes com o período do ciclo vital em que se encontravam. Ficam sugeridos novos estudos para verificação em grupos de adolescentes com queixas clínicas, também amostras maiores, abarcando possibilidades de comparação com grupos controle.