KAPPES, Roberto. Comportamento ingestivo, atividade, produção e qualidade do leite de vacas Holandês e mestiças Holandês x Jersey em sistema baseado em pastagem. 2020. P. 88. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal – Área: Produção Animal). Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Lages, 2020.
Esta dissertação foi dividida em dois experimentos. No primeiro objetivamos comparar os dados gerados pelo sistema de monitoramento eletrônico da SCR da Allflex com observações visuais diretas de vacas leiteiras em pastejo, para o comportamento de ruminação. Doze vacas em lactação foram observadas durante um período diário de 16 horas, durante 11 dias. Os dados fornecidos pelo software HealthyCow24® foram comparados com observações visuais, utilizando-os como referência. Também avaliamos ruminação em diferentes intervalos de tempo, a cada 5, 10, 15 ou 20 minutos. A correlação de Pearson e regressão linear foram estimadas usando os procedimentos CORR e PROC REG, respectivamente do software SAS. Os dados de ruminação estimados pelo software HealthyCow24® e as observações visuais do tempo de ruminação foram altamente correlacionados (0,81), com um coeficiente de
determinação de 0,6568 (P<0,0001), com uma média de ruminação durante o período de avaliação diária de 16 horas de 263,2 e 266,9 minutos, respectivamente. Os diferentes intervalos de tempo entre a avaliação, especialmente aos 10 e 15 minutos, estão correlacionados com os determinados pelo sistema de monitoramento eletrônico da ruminação ou com o intervalo de 5 minutos. Conclui-se que sistema de monitoramento eletrônico é uma ferramenta acurada para
determinar o comportamento da ruminação de vacas leiteiras em sistemas de pastagem. Observações visuais diretas com intervalos não superiores a 15 minutos são suficientes para serem utilizadas na avaliação do comportamento das vacas em pastejo sem perda da exatidão dos dados. No segundo experimento objetivamos comparar a produção, composição e parâmetros físicos do leite, parâmetros fisiológicos, peso, escore de condição corporal e comportamento ingestivo de vacas Holandês e mestiças ½ Holandês x Jersey e ¾ Holandês em pastejo. Além disso, avaliar também o efeito do índice de temperatura e umidade (ITU) sobre as variáveis supracitadas. O trabalho foi realizado no setor de bovinocultura leiteira do CAVUDESC. Avaliamos 22 vacas em lactação, sendo 7 Holandês, 5 mestiças F1 (½ Holandês x Jersey) e 10 mestiças R1 (¾ Holandês), ao longo de um ano, em sistema de produção baseado em pastagem. Os dados de ruminação e atividade foram obtidos por colar com sensores de monitoramento eletrônico. Semanalmente mensurou-se a produção, composição e parâmetros físico-químicos do leite (acidez titulável, pH e estabilidade ao teste do álcool) e quinzenalmente a contagem de células somáticas. Semanalmente foram avaliados o peso, escore de condição corporal e parâmetros fisiológicos (frequência cardíaca, respiratória e temperatura retal). Com base no modelo do NRC (2001) estimamos o consumo de matéria seca (CMS). Diariamente
foram obtidas informações de temperatura e umidade do ambiente, em intervalos de uma hora, com o auxílio de data logger. Os dados de cada variável foram submetidos à análise de variância como medidas repetidas no tempo, testando interação entre grupamento genético e ITU. Não houve diferença na produção de leite entre Holandês e vacas mestiças F1 e R1 Holandês x Jersey (25,4, 24,4 e 25,3, respectivamente). Vacas mestiças apresentaram maiores teores de gordura (3,75, 4,21 e 4,07, respectivamente) e proteína (3,25, 3,55 e 3,43, respectivamente).
Mestiças F1 tiveram maior escore de células somáticas em relação as puras Holandês e mestiças R1 (5,11, 3,01 e 2,93, respectivamente). Vacas Holandês apresentaram maior estabilidade do leite ao teste do álcool em relação as mestiças F1 e R1 (79,1, 75,7 e 76,8, respectivamente). Mestiças R1 apresentaram maior CMS em relação as Holandês e mestiças F1 (21,30, 20,63 e 20,22, respectivamente), o tempo de ruminação foi maior para mestiças R1 e F1 em relação as Holandês (588,2, 582,7 e 538,1, respectivamente). O elevado ITU afetou negativamente a maioria das variáveis analisadas. Vacas mestiças apresentam desempenho produtivo similar as puras Holandês, bem como boa qualidade do leite. Todos os grupamentos genéticos são afetados negativamente pelo elevado ITU.