As abelhas são insetos de grande importância na agricultura, cumprindo um papel muito importante na polinização e na renovação do ecossistema. No entanto, em diversos países têm sido relatadas perdas significativas de colônias e declínio da população de abelhas melíferas. No Brasil, poucos dados estão disponíveis sobre as causas destas perdas, principalmente na região sul do país, onde a maior mortalidade de abelhas foi relatada. A diminuição no número de abelhas parece ter causa multifatorial, sendo os patógenos, como vírus, ácaro Varroa e microsporídio Nosema spp., uma dessas causas. Os principais vírus de abelhas pertencem à ordem Picornavirales, e são classificados na família Iflaviridae, vírus da cria ensacada (SBV) e vírus deformador de asas (DWV); e Dicistroviridae, vírus da paralisia aguda (ABPV), vírus da paralisia israelense (IAPV) e vírus da realeira negra (BQCV). O vírus da paralisia crônica (CBPV) não foi classificado em família. O presente estudo teve como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica sobre os vírus que afetam abelhas e determinar a ocorrência dos principais vírus no sul do Brasil. Com o primeiro estudo foi possível concluir que os vírus afetam a saúde das abelhas e contribuem para a perda de colônias e que a compreensão do papel do patógeno nos hospedeiros levará à descoberta de novos vírus, além de esclarecer as rotas de transmissão, a associação com outros parasitas, os sintomas da doença e o desenvolvimento de estratégias de prevenção. Em um segundo estudo, foi determinada a ocorrência do BQCV em apiários do sul do Brasil. O BQCV foi identificado em 37,9% (25/66) de colônias de Apis mellifera coletadas de 13 apiários nas cidades de Canguçu, Piratini e Arroio do Padre. A presença do RNA viral foi identificada apenas em amostras de abelhas adultas. Em um terceiro estudo, foi determinada a ocorrência do ABPV, BQCV, CBPV, DWV, IAPV e SBV, e do Nosema cerenae e Nosema apis em municípios do Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC). O BQCV foi detectado em 36% (38/105) dos apiários no estado do RS, o ABPV em 3% (3/105) e o DWV em 1% (1/105). No estado de SC, foi identificado o BQCV em 8,5% (5/59) das amostras e o DWV em 1,7% (1/59). O DNA de Nosema cerenae foi identificado em 59% (59/100), sendo em 23% (23/100) associado ao BQCV. Assim, os resultados obtidos demonstram a alta ocorrência do BQCV e de Nosema cerenae em apiários do sul do Brasil, e a presença do ABPV e DWV. Espera-se com este estudo contribuir para a epidemiologia das doenças virais de abelhas, auxiliando no diagnóstico e na busca por medidas de prevenção e controle.