Dioctophyme renale é um nematódeo de distribuição mundial e com potencial
zoonótico, sendo capaz de parasitar o rim do homem e dos animais, destacam-se os
cães. Uma vez que o tratamento da dioctofimose é feito por nefrectomia, o uso de
extratos vegetais com potencial anti-helmíntico, como Solanum lycocarpum, podem
contribuir para o controle da enfermidade. Portanto, este estudo teve como objetivos
verificar os casos de dioctofimose em cães e gatos do extremo Sul do Rio Grande
do Sul (RS), assim como a eliminação de ovos do helminto pela urina de cães
parasitados após nefrectomia, e a atividade antiparasitária e citotoxicidade dos
extratos aquosos de S. lycocarpum em ovos de D. renale. Foram analisados dados
de cães e gatos com a doença diagnosticados em centros veterinários, assim como
coletadas amostras de urina antes e após a nefrectomia por 10 dias de cães com
dioctofimose, e processadas por centrifugo-sedimentação. Ainda, dois extratos
aquosos (EA1 e EA2) foram testados in vitro em ovos de D. renale (0,31 a 10
mg.mL-1), assim como a citotoxicidade foi averiguada em células de rim bovino (0,31
a 40 mg.mL-1). Verificou-se 240 casos de dioctofimose em cães e nove em gatos,
sendo a maioria dos animais sem raça definida, fêmeas, adultos jovens e com sinal
de hematúria. Ainda, o ultrassom foi o método de diagnóstico mais utilizado, assim
como o rim direito o órgão mais acometido. A maioria dos animais tinha histórico de
acesso à rua, sendo provenientes de Pelotas, Capão do Leão e Morro Redondo.
Nas análises de urina, 93,33% dos cães eliminaram ovos de D. renale após a
nefrectomia, sendo que três deles até o dia 10. Os extratos aquosos de S.
lycocarpum inibiram o embrionamento de ovos de D. renale acima de 99% a partir
do tratamento 0,62 mg.mL-1 (EA1) e 1,25 mg.mL-1 (EA2). As concentrações eficazes
em ovos de D. renale não foram citotóxicas na avaliação realizada. Portanto,
conclui-se que a região Sul do RS apresenta a maior casuística mundial de
dioctofimose em cães e gatos, destacando-se o município de Pelotas. Além disso,
cães com dioctofimose permanecem eliminando ovos do helminto pela urina por 10
dias após a remoção dos parasitos, e os extratos de S. lycocarpum apresentam
potencial anti-helmíntico em ovos de D. renale, sendo promissores para controle
ambiental do helminto.