Este estudo teve o propósito de desenvolver uma análise crítica sobre como a interdisciplinaridade vem sendo compreendida e implementada pelos trabalhadores, a partir da particularidade do cotidiano das práticas profissionais em saúde, e promover o debate entre os diferentes posicionamentos acerca da temática. A produção de dados foi realizada por meio das técnicas de pesquisa, bibliográfica, documental e revisão integrativa de artigos científicos da área de saúde, em periódicos indexados nas bases de dados SCIELO, BVS, LILACS, PUBMED e teses e dissertações da Biblioteca de Teses e Dissertações da CAPES, publicados no período entre janeiro de 2007 a dezembro de 2017. A pesquisa bibliográfica identificou ausência de consenso sobre o conceito de interdisciplinaridade, bem como mostrou que a perspectiva interdisciplinar é pautada por autores de diferentes áreas do saber. A análise buscou identificar se a incorporação terminológica corresponde a concepções e práticas coerentes no cuidado em saúde, como também, se a interdisciplinaridade presente nos discursos profissionais seria suficiente para garantir a realização de um trabalho coletivo e articulado. Os resultados foram organizados em três núcleos: a interdisciplinaridade na formação acadêmica; a interdisciplinaridade na atuação profissional; e o lugar do Serviço Social na interdisciplinaridade. Dentre os achados destaca-se a constatação de que, embora o trabalho em saúde tenha como princípio norteador o cuidado integral e as Diretrizes Curriculares Nacionais primem por uma formação interdisciplinar, ainda é preponderante entre os cursos de graduação, os currículos pautados em disciplinas, que reflete em práticas desarticuladas e isoladas. Identificou-se que discussão da interdisciplinaridade no âmbito da prática profissional em saúde, apesar de ser recorrente entre os profissionais que integram as diferentes equipes, ainda se restringe ao campo teórico. Apreende-se que há uma tendência em relacionar tudo que é realizado em grupo e de forma coletiva, com a perspectiva interdisciplinar. No que diz respeito ao Serviço Social, apesar do reduzido número de estudos encontrados, as discussões feitas contribuem para o desenvolvimento de análises crítica-reflexivas acerca da realidade onde se materializam as práticas. Os aspectos observados ao longo da realização deste estudo demonstrou que o lugar do Serviço Social na interdisciplinaridade é o de refletir sobre a temática no interior da sociedade capitalista de produção, enquanto elemento tensionado pelas contradições do sistema, que terceiriza, flexibiliza e fragmenta os diferentes processos de trabalho. Inserida em um movimento histórico de crise de paradigmas, a interdisciplinaridade como estratégia para perpassar as barreiras instituídas, tem entre seus maiores desafios, o de tomar como princípios: a totalidade, a contradição, a mediação, bem como a contradição inerente ao modo de produção capitalista. A realização de práticas interdisciplinares em consonância com o princípio da integralidade das ações em saúde se torna cada vez mais necessária, tanto para manutenção do diálogo entre os diferentes campos do conhecimento e o fortalecimento das relações profissionais, quanto para melhor responder às necessidades de saúde. Espera-se que este estudo possa contribuir para a ampliação, sistematização e aprofundamento do tema, bem como fornecer elementos aos profissionais à reflexão e à melhoria das práticas em saúde.