Objetivo: Identificar fatores que contribuem para utilização do pessário para tratamento de prolapso de órgãos pélvicos por períodos maiores que um ano. Métodos: Realizado estudo prospectivo observacional com 247 mulheres que apresentavam prolapso genital sintomático avaliadas no ambulatório de Uroginecologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) que aceitaram o tratamento com o pessário durante outubro de 2012 a outubro de 2016. Comparamos as características daquelas que utilizaram o pessário por mais de um ano com aquelas que desistiram antes desse período. Avaliamos também se houve melhora na qualidade de vida por meio de questionário de qualidade de vida (PQol). Os dados foram analisados através dos seguintes métodos estatísticos: Teste de Student, teste de Wilcoxon Mann-Whitney, regressão logística multivariada e árvore de decisão. Resultados: Das 247 pacientes que testaram o pessário, somente 236 foram incluídas no estudo; dessas, 110 pacientes (46,6%) continuaram utilizando o pessário por mais de um ano. Através da regressão logística multivariada identificamos fatores associados à utilização do pessário por períodos maiores que um ano como: histerectomia anterior (OR=3,40, IC: 3,23-3,57, p=0,007). Os fatores relacionados a maior chance de desistência são presença de vulvovaginite (OR=0,11, IC: 0,10-0,12, p=0,0002), pacientes com maior paridade (OR=0,865, IC: 0,85-0,87, p=0,029) e utilização de estrogênio vaginal tópico (OR=0,39, IC: 0,38-0,41, P=0,019). A presença de complicações com a utilização do pessário não foi associada a maior taxa de desistência (OR=1,74, IC: 1,69-1,79, p=0,030). Foi realizado também avaliação através da árvore de decisão que corroborou com os dados da regressão logística. Conclusões: A presença da vulvovaginite foi altamente preditiva para o não sucesso da utilização do pessário. A histerectomia é um bom fator preditivo para utilização a longo prazo. A presença de complicações, excetuando-se a vulvovaginite, não interferiu na desistência ao tratamento a longo prazo. A utilização do estrogênio vaginal não foi um bom fator preditivo para manutenção do tratamento. Houve melhora na qualidade de vida das pacientes.