Objetivo: Descrever perfil de crianças de 0 a 12 anos encaminhadas para serviço de referência do município de Belém com suspeita de atraso de desenvolvimento ou atraso de desenvolvimento estabelecido, quanto ao diagnóstico e fatores de risco. Métodos: Estudo transversal e analítico de 642 crianças atendidas no Ambulatório de Desenvolvimento do Serviço Caminhar, no período 01 de agosto de 2007 a 31 de julho de 2010, cujos dados obtidos foram analisados pelos programas Bioestat 5.3 e o Statistica 8.0. Resultados: Das crianças estudadas 78,6% foi procedente de Belém, 34,8% encaminhadas das UBS e PSF e 60,1% por médico. O principal motivo de encaminhamento isolado foi atraso de linguagem (31,3%). A maioria das crianças eram do sexo masculino (62,6%), com idade de admissão mais frequente em menores de 6 anos. A faixa etária materna de maior prevalência foi de 20 a 30 anos tanto ao nascimento, quanto à admissão, 58,6% e 46,6% respectivamente. Quanto à escolaridade das mães prevaleceu a de mais de 8 anos de estudo com 54,8%, com 52% de antecedente familiar de atraso no desenvolvimento, 45,4% com pais separados, 87,6% com mãe como principal cuidadora, 56,8% com densidade habitacional de 5 moradores ou mais e 80% com renda per capita menor que meio salário mínimo. O pré-natal não foi realizado ou foi incompleto em 41,9% das mães, com 70,6% de intercorrências gestacionais e 60,7% de peri/neonatais. O parto foi normal 65,5% das mães. A infecção urinária foi a intercorrência gestacional mais frequente (39,3%) e a perinatal foi a possível hipóxia em 57.8%, seguida de icterícia, prematuridade e baixo peso. Foram hospitalizadas no período neonatal 36,9% das crianças e 76,9% ficaram internadas no mesmo período por mais de 5 dias. Na avaliação multidisciplinar a alteração de linguagem foi a mais frequente com 82,4%, A avaliação da neuropediatra ocorreu em 80% das crianças, com 98% de alterações e o eletroencefalograma foi o exame mais realizado (44,2%) nas crianças. Das 642 crianças 20,6% recebeu diagnóstico de Paralisia cerebral, seguido de Transtorno Misto do Desenvolvimento com 13,4% e Deficiência Mental em 11,1%. A análise de correspondência das variáveis idade de percepção e alteração funcional e fatores de risco e diagnóstico observou associação entre elas. Conclusão: A avaliação das crianças com atraso no desenvolvimento parte da identificação de fatores de risco, passa pela verificação de alterações funcionais e a investigação etiológica, que deve ser um processo paralelo a intervenção funcional, pois a instituição do tratamento precoce melhora o desempenho, proporciona bem-estar a criança e sua família, dá perspectiva de futuro.