O objetivo deste estudo foi revisar a produção do conhecimento brasileira sobre o tema
“envelhecimento, velhice e atividade física”, a partir da análise das teses/dissertações do
banco de teses da CAPES no período de 1987 a 2011, identificando tendências, lacunas e
contribuições. Para sua efetivação, realizamos por uma pesquisa de caráter exploratória e
descritiva da produção discente dos Programas Nacionais de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Educação Física, Educação, Psicologia, Fisiologia, Antropologia, Sociologia, Epidemiologia,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Nutrição, Medicina, Saúde Coletiva e outras.
Desenvolvemos procedimentos metodológicos de natureza quantitativa e qualitativa para a
organização e análise dos dados. Iniciamos descrevendo quantitativamente o cenário da
produção no tema em termos de período de defesa, nível de formação, distribuição geográfica
e institucional, áreas de formação, enfoques teóricos e temas de pesquisa e aspectos
metodológicos encontrados nos resumos. O diagnóstico qualitativo dos dados sistematizou as
principais contribuições das teses/dissertações, a partir de uma metodologia que considera
alguns preceitos da análise de conteúdo de Bardin (2010). Os resultados evidenciam uma
tendência ao aumento das teses e dissertações, em número absoluto durante o período; uma
concentração em certas regiões e universidades; bem como a incidência maior no nível de
mestrado. A diversidade de campos disciplinares imbricados na geração desse conhecimento
demonstra o caráter multidisciplinar e a heterogeneidade epistemológica envolvida na
temática. Apesar disso, predominam os temas com enfoque na saúde de cunho fisiológico,
biomecânico, médico e técnico em detrimento dos temas sociais, psicológicos e educacionais.
Sendo assim, a produção tem se apoiado dominantemente no entendimento da necessidade de
um estilo de vida ativo na velhice, no qual as diversas formas de práticas de atividade física
são fundamentais ao desenvolvimento da saúde “física”, da capacidade funcional e,
consequentemente, das condições de vida das pessoas mais velhas. Os possíveis efeitos de tal
tendência da produção podem ser desvantajosos, em longo prazo, no âmbito dos estudos
sociais, psicológicos e educacionais. Na medida em que os estudos consideram seus achados
como subsídios para a melhor implementação de programas de atividade física, assim como
para desenvolver estratégias metodológicas e de avaliação mais adequadas ao trabalho com
idosos, necessitamos de um maior equilíbrio entre as áreas de pesquisas e, portanto, das
condições de fomento e divulgação das mesmas. Esse equilíbrio apenas será possível quando
reconhecermos a efetividade do diálogo entre os conhecimentos – resultantes de cada um dos
enfoques das dinâmicas das intervenções – o que poderia se reverter nos benefícios tão
propalados a estes, seja do ponto de vista físico, psicológico, social e/ ou cultural.