A Tese apresenta como resultado uma tradução bilíngue, crítica e
comentada da Chanson de Roland, composta pela apresentação paleográfica do
manuscrito de Oxford Digby 23b, com sua transcrição em Anglo-Normando e a
tradução poética à língua portuguesa: O cantar de Roldão. A este resultado antecedem,
como primeira parte da Tese, estudos críticos embasados na tradição filológica
europeia. Inicialmente, apresenta-se um panorama do gênero épico medieval, os
cantares de gesta, suas características e as hipóteses de origem do gênero até hoje
teorizadas. Em seguida traça uma contextualização com os estudos da dinastia
carolíngia em seus aspectos ético, político e histórico, que se podem reconhecer no
cantar. Acerca de sua pré-história, apresentam-se as hipóteses mais trabalhadas e aceitas
no âmbito da filologia europeia quanto à data de composição de um prototípico cantar,
do qual se fez copiar o Manuscrito de Oxford, seu limite de anterioridade possível e o
de posterioridade. O aspecto da autoria é estudado a partir de uma hipótese de
identificação de Turoldus que aparece no explicit do cantar e, a seguir, os principais
personagens do poema são tratados em suas características literárias e históricas, quando
cabe. Abordamos ainda o evento histórico da batalha de Roncesvales e consideramos a
constituição da matéria lendária do cantar no transcurso do tempo. Então apresentamos
o enredo tal como se lê no poema e seus aspectos formais, bem como o processo
tradutológico, apresentando-o com alguma ênfase ao ritmo dos versos, o que mais
revela do ineditismo do trabalho, apontando às possibilidades performáticas da
tradução. A segunda parte constitui-se, propriamente, da transcrição do manuscrito e da
tradução, do idioma original, Anglo-Normando, à língua portuguesa, de todos os 4002
versos do cantar em decassílabos assonantados no ritmo de martelo agalopado. Estas,
transcrição e tradução, acompanham-se de notas críticas e comentários de ordem
filológica, paleográfica, poética e literária. A divisão que se apresenta na segunda parte,
não presente no manuscrito, é proposta como forma de facilitar a leitura, compreensão e
referência do narrado, nos 35 episódios que se distribuem nas quatro partes do cantar, a
saber, a traição, a derrota, a vitória e a justiça.