Introdução: As doenças reumáticas crônicas em crianças e adolescentes elevam o risco cardiovascular em curto e longo prazo. Sendo assim, conhecer os hábitos alimentares, biomarcardores do metabolismo lipídico e glicídico e o estilo de vida dos pacientes e de seus pais possibilitará o desenvolvimento de estratégias visando à redução desse risco.
Objetivos: Descrever a classificação do índice de massa corporal, o consumo alimentar, a prática de atividade física e os biomarcadores do metabolismo lipídico de pais de crianças e adolescentes com doenças reumáticas crônicas e compará-los com os de seus filhos.
Métodos: Estudo transversal com 91 pais e seus respectivos filhos diagnosticados com AIJ (n=30/ 33,0%), LESj (n=41/ 45,0%) e DMJ (n=20/ 22,0%). Foram avaliados: dados antropométricos e dietéticos, atividade física, colesterol total e frações, triglicérides, apolipoproteínas A-I e B. Os dados foram tratados estatisticamente utilizando-se o programa estatístico SPSS, considerado um nível de significância de 5% (p< 0,05). Para a comparação entre as variáveis categóricas foi utilizado o teste de Qui-quadrado ou teste exato de Fisher. Para verificar se havia correlação das variáveis dos pais com os filhos foi testado o coeficiente de correlação de Pearson e para verificar associação foi usado o teste V Cramer’s.
Resultados: A maioria dos pais era do sexo feminino, assim como seus filhos (89,8 e 83,5% respectivamente). A média de idade dos pais era de 40,5±7,4 anos. O tempo de evolução da doença foi de 4,5±3,4 anos e a doença ativa foi observada em 56% das crianças /adolescentes. 80% das crianças/adolescentes com excesso de peso também apresentaram pais com o mesmo diagnóstico nutricional. Houve associação moderada entre o consumo total de lipídeos (teste Cramer’s V=0,254; p=0,037) e fraca para gordura saturada (teste Cramer’s V=0,219; p=0,050) e colesterol (teste Cramer’s V=0,234; p=0,025) dos pais e seus filhos. Quando avaliado o consumo diário de proteínas em gramas por quilo de peso, verificou-se correlação linear positiva (corr=0,2239; p=0,033) entre pais e filhos. A prevalência de dislipidemias (CT, LDL-c, HDL-c, não HDL-c e TG) das crianças/ adolescentes e dos pais foi de 83,5% e 82,4% respectivamente. Tanto os pais quanto crianças/ adolescentes em sua maioria apresentavam HDL-c baixo (52,8 e 64,8% respectivamente).
Conclusão: O presente estudo chama atenção para a elevada prevalência de excesso de peso, dislipidemias, inatividade física e de adiposidade central nos pais de crianças e adolescentes com doenças reumáticas crônicas. Houve associação entre o consumo inadequado de gorduras de pais e seus filhos; o que não ocorreu para classificação do IMC, perfil lipídico e para a prática de atividade física. Os achados apontam para a importância de estratégias de intervenção com o envolvimento dos pais.