Diversos fatores podem contribuir para o declínio de populações de anfíbios, como introdução de espécies invasoras e doenças infecciosas. A rã-touro foi introduzida no Brasil em 1930 para criação comercial, no entanto, além dos escapes dos centros de cultivo houve a soltura intencional pelos produtores quando a atividade era descontinuada. Nos centros de criação de rã-touro, ocorre a invasão de anfíbios silvestres em busca de alimento, água e abrigo. Assim, em ambas as situações a relação entre rãs de cultivo e anfíbios silvestres são estreitadas. Com isto, o objetivo geral deste estudo foi identificar os parasitas circulantes em rã-touro e em anfíbios silvestres, avaliando a relação parasita-hospedeiro. Girinos, imagos e adultos de rã-touro, assim como anfibios silvestres foram coletados de quatro ranários comerciais. As variáveis físicas e químicas da água dos locais de coleta foram mensuradas. Após a coleta, os animais foram eutanasiados, os órgãos foram analisados, e os parasitas foram contados e identificados utilizando-se técnicas taxonômicas e moleculares. Para o estudo da relação parasita-hospedeiro, foram feitas análises hematológicas e histopatológica em imagos e adultos, e análise histopatológica e do tegumento dos girinos pela microscopia eletrônica de varredura. Na análise estatística foram correlacionados o tamanho e peso dos hospedeiros com intensidade parasitária usando o coeficiente de correlação de Spearman. O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para comparar a intensidade parasitária dos animais nos diferentes locais amostrados. Foram identificadas seis espécies de tricodinídeos em girinos de rã-touro e em anfíbios silvestres. A análise taxonômica integrativa, baseada em morfologia e sequenciamento das regiões 18S rDNA e ITS, permitiram a identificação de quatro das espécies encontradas, sendo estas Trichodina hypsilepis, Trichodina heterodentata, Trichodina quadrata n. sp. e Trichodina brevidens n. sp. Observou-se que os tricodinídeos provocaram lesões significativas no tegumento dos girinos, principalmente a espécie Trichodina hypsilepis. Já os macroparasitas foram relatados somente em anfíbios silvestres pós-metamorfoseados e não houve o compartilhamento destes parasitas entre rã-touro de criadouro e anfíbios nativos. Larvas de dípteros Sarcophagidae foram encontradas somente na cavidade oral de rãs-touro de escape coletadas no R4.