As afecções articulares têm papel preponderante frente às claudicações nos equinos atletas, sendo a articulação metacarpofalangeana (MCF) uma das mais frequentemente afetadas. Isso se deve à sua configuração anatômica e maior amplitude de movimentos, apresentando hiperextensão durante a fase de apoio dos membros ao solo. As articulações apresentam variações na densidade e espessura do osso subcondral e cartilagem ao longo de sua superfície e, consequentemente, variações nas propriedades mecânicas e estruturais. Métodos de imagem, como a radiografia, ultrassonografia e tomografia computadorizada, têm sido empregados e correlacionados com a finalidade de delinear essas variações, além de diagnosticar afecções que acometem o sistema articular de equinos. O objetivo desse projeto foi avaliar o tecido osteocondral da articulação MCF de peças anatômicas de equinos da raça Puro-sangue-inglês de corrida, que estavam em treinamento, através de análise de imagem. Foram utilizados oito pares de membros torácicos de equinos em constante e semelhante padrão de treinamento esportivo, com idade entre dois e cinco anos, os quais foram a óbito por motivos não relacionados à articulação MCF. Os membros foram armazenados congelados e, após descongelamento, submetidos a avaliação macroscópica, exames radiográficos e ultrassonográficos, e avaliação microscópica, como microtomografia e histologia. Na análise macroscópica e durante as biopsias ósseas, observou-se que 37,5% dos animais apresentaram côndilos mediais ressecados e rígidos e 12,5% apresentaram crista sagital de alta porosidade. Macroscopicamente 37,5% dos animais apresentaram erosão parcial menor que cinco mm de diâmetro em superfície articular e outros 37,5% não apresentaram nada digno de nota. Foi possível notar que houve correlação direta entre o exame macroscópico e os exame radiográfico e ultrassonográfico (p=0,54 e p=0,53 respectivamente). No exame radiográfico, apenas 25% dos animais receberam o escore mínimo de zero para o MTE e 12,5% para o MTD. Quando comparados os valores de Densidade Óptica Radiográfica (DOR) avaliado por escala de mmAl e Densidade Mineral Óssea avaliado por micro-TC, a crista sagital foi o valor mais baixo em 75% dos animais. Quando confrontados os valores entre os membros direito e esquerdo, para 100% dos
animais os valores do MTD foi maior que o MTE na micro-TC, já na escala DOR, apenas 62,5% desses valores concordaram com essa afirmação. Comparando-se com os outros exames, em questão de sensibilidade de características, nota-se que o exame ultrassonográfico é o que mais se relaciona com o histológico (p=0,288). No exame ultrassonográfico, 62,5% dos animais apresentaram irregularidades nos ligamentos periarticulares, 37,5% apresentaram superfície lisa em relação ao osso subcondral e 50 % não apresentaram alteração na superfície articular. Foi possível observar a ocorrência de lesões em superfície articular que se distribuem de maneira bastante semelhante e, embora haja alguma variação, não houve diferença estatística entre os escores dos animais. Os escores foram mais homogêneos na macroscopia e no ultrassom. Os exames que mais diferiram entre os avaliadores foi o de exame macroscópico e radiográfico. Segundo os parâmetros avaliados nesse projeto, concluiu-se que não houve diferença estatística quanto ao local de coleta da amostra no osso metacarpiano e pouca variação entre um membro e outro. Todos os equinos avaliados nesse projeto apresentaram algum comprometimento de superfície articular de terceiro metacarpiano, mas mesmo assim foi possível determinar características morfológicas utilizando técnicas de imagem descritas acima.