Cartografia Tátil e ensino de geografia no Centro de Habilitação e Reabilitação de Cegos
(CHARCE) da Associação dos Cegos do Piauí (ACEP), localizado em Teresina, constitui
o tema motivador deste trabalho, tendo como problemática discutir em que aspectos a
Cartografia Tátil tem contribuído no ensino de geografia para a ampliação da percepção
dos fenômenos espaciais e para a compreensão do espaço geográfico. A pesquisa teve
como objetivo geral analisar o uso da Cartografia Tátil no ensino de geografia no
CHARCE. E, como objetivos específicos pretendeu-se: conhecer o Centro de Habilitação
e Reabilitação de Cegos, na perspectiva dos professores e dos estudantes; observar as
práticas pedagógicas utilizadas nas aulas de geografia; propor ações de intervenção de
caráter colaborativo na confecção de produtos táteis. O suporte teórico está respaldado
em autores como Vasconcellos (1993), Américo (2002), Cavalcanti (2006), Castellar
(2006), Moraes (2006), Brasil (2001; 2008; 2011; 2015), Loch (2008), Lira; Schlindwein
(2008), Nogueira (2007; 2009) Carmo (2009), Sena (2009), Lelis (2009), Tardif; Lessard
(2009), Rapoli (2010) IBGE (2010), Apple; Au; Gandin (2011), Venturini (2012), Tardif
(2012) Callai (2011;2013), Lockamann; Henning (2013) Régis (2013; 2016) Bersch
(2017), dentre outros. A pesquisa de natureza qualitativa pautou-se na coleta de
informações realizada por meio da pesquisa bibliográfica, documental e de campo
envolvendo a observação participante e a pesquisa ação. Foram utilizados como
instrumentos de pesquisa a entrevista, com professores e estudantes de geografia, e a
fotografia no intuito de registrar aspectos do processo de ensino-aprendizagem. E,
também, como procedimentos: as conversas do cotidiano e o diário de campo.
Percebemos no decorrer da pesquisa que o uso dos recursos táteis no CHARCE, é
incipiente. Uma parte do material utilizado foi doada pelo Instituto Benjamin Constant
(IBC) e se constitui de mapas táteis relativos ao Espaço Geográfico Brasileiro e Regional,
de âmbito político. Outros foram confeccionados, de maneira artesanal, pelos professores
da instituição, compostos por: globos táteis e alguns mapas físicos e humanos,
especialmente do território piauiense. Constatamos, também, a ausência de tecnologias
assistivas (TA) para o ensino de geografia durante o atendimento individualizado. A
pesquisa nos permitiu ainda refletir sobre a ineficiência na implantação das políticas
públicas inclusivas, nos cursos de Licenciatura de Geografia, das instituições públicas
responsáveis pela formação de professores no estado do Piauí e, verificar que o acesso as
TA é uma realidade distante dos sujeitos pesquisados.