MARQUES, Raquel Monteiro. Revisão do estado da sustentabilidade do cultivo de camarão com ênfase num estudo de caso na Amazônia brasileira 2013. 75p Dissertação (Mestrado em Práticas em Desenvolvimento Sustentável). Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2013.
Ao longo da última década do século XX as nações passaram a dedicar mais atenção aos impactos ambientais causados pelo homem, levando a sociedade a repensar o seu desenvolvimento, visando à conciliação entre desenvolvimento econômico e qualidade ambiental. Nesse contexto, a água se mostra um elemento vital por ser um recurso finito e de distribuição irregular. Além da escassez hídrica que preocupa o mundo, estudos demonstram que espécies estão sendo extintas devido à pesca predatória, sendo que quase a metade dos estoques marinhos de valor comercial encontram-se em nível máximo de exploração, 18% estão sobre-explorados, 10% foram severamente exauridos ou se encontram em estado de recuperação e apenas 25% encontram-se sub ou moderadamente explorados. Assim, o cultivo de organismos aquáticos parece ser uma excelente alternativa para a produção de alimentos proteicos. Entretanto, a aquicultura não gera apenas impactos positivos. Analisando-se todos os sistemas de criação de organismos aquáticos em cativeiro, tem sido verificado que os impactos negativos são muitos, com consequências diretas sobre o meio ambiente e as comunidades do entorno. Dessa forma, a aquicultura enfrenta o desafio de moldar-se ao conceito de sustentabilidade. Apesar da forte necessidade de diminuir os impactos negativos resultantes da aquicultura em conjunto com a otimização da produção, verifica-se que os estudos nessa área são escassos. Assim, pretendeu-se realizar uma análise dos estudos sobre aquicultura a fim de investigar a relação aquicultura e sustentabilidade. Para tal foi realizada uma pesquisa bibliográfica com consultas a trabalhos sobre o manejo do camarão na Amazônia, no Brasil e no mundo, os trabalhos identificados na pesquisa bibliográfica foram analisados com maior profundidade, quantificados e separados em categorias por assuntos. Na Amazônia, a forte exploração da espécie de camarão de água doce Macrobrachium amazonicum tem implicado prejuízos ambientais. Dessa forma, na década de 90, a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) junto com a comunidade da Ilha das Cinzas desenvolveram uma forma de manejo do camarão, mais sustentável. Sabendo a importância da implementação desse projeto para a comunidade, foi realizada uma avaliação de algumas ações propostas por este, bem como sua continuidade após a saída da instituição (FASE) da área de estudo. Para tal, em campo, foram realizadas entrevistas com pescadores e durante estas se utilizou um questionário com perguntas despadronizadas. Os estudos identificados pelo levantamento bibliográfico mostraram que é crescente a preocupação com a saúde do consumidor, com a utilização dos resíduos gerados pela atividade e com a sustentabilidade da produção. Porém, dos estudos que visam propor melhores formas para a realização da carcinicultura, muito poucos consideram todo o processo, desde a instalação dos viveiros até a venda do camarão. Ao final desse estudo, conclui-se que o manejo do camarão de água doce, realizado na Ilha das Cinzas pode ser considerado sustentável até hoje. Apenas são necessárias ações pontuais e a continuidade da realização do monitoramento dessas práticas na região.