Introdução: O prolapso dos órgãos pélvicos (POP) possui etiologia multifatorial que inclui fatores ambientais e genéticos. Vários estudos têm investigado a associação entre polimorfismos do COL1A1 (rs1800012) e COL3A1 (rs1800255) e o POP. Entretanto, os resultados apresentados mostram diferenças entre as populações analisadas. Objetivo: Verificar a presença e frequência dos polimorfismos do COL1A1 (rs1800012) e COL3A1 (rs1800255) em pacientes com prolapso avançado (estádios III e IV) e em mulheres sem POP na população brasileira. Métodos: Estudo caso-controle que incluiu 826 pacientes, estas foram divididas nos grupos caso (n=348) e controle (n=286). O DNA do sangue periférico foi extraído e a técnica da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) foi utilizada para determinar a genotipagem das amostras. Os programas SPSS (Chicago, EUA) e GraphPad Prism 5.0 (Califórnia, EUA) foram utilizados para as análises estatísticas, considerando p<0,05. Resultados: O grupo caso apresentou idade média (68,03 anos) superior ao grupo controle (60,39 anos), p<0,0001. Em relação aos antecedentes obstétricos, observamos o maior número de gestações, partos vaginais (normal e com uso de fórceps) e peso do recém-nascido superior nas mulheres do grupo caso em comparação ao grupo controle, p<0,05. Por outro lado, mulheres do grupo controle apresentam maior número de partos cesáreos, p<0,0001. Os genótipos do COL1A1 e COL3A1 não apresentaram diferenças nas análises univariadas e multivariadas (p>0,05). Na análise dos fatores clínicos, foi verificado que mulheres que apresentavam doenças cardíacas [OR=2,92; p=0,016], Diabetes Mellitus (DM) [OR=2,48; p=<0,0001], Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) [OR=2,16; p=<0,0001], antecedentes familiares (AFPOP) [OR=1.82; p=0,010] e varizes [OR=1,60; p=0,016] apresentaram um risco aumentado para o POP. O Modelo 1 de regressão logística reforçou o parto vaginal [OR= 13,729; p=0,000], AFPOP [OR=3,119; p=0,002], DM [OR=2,377; p=0,031], o número de gestações [OR=1,202; p=0,005] e a idade [OR=1,139; p=0,000] como fatores de risco para o POP. O modelo 2 revelou o parto vaginal [OR=11,012; p=0,000], AFPOP [OR=2,333; p=0,001], o número de gestações [OR=1,245; p=0,000] e a idade [OR=1,096; p=0,000] como fatores de risco para o POP, enquanto o parto Cesáreo foi considerado um fator protetor para esta doença [OR=0,602; p=0,035]. Conclusão: A distribuição do polimorfismo do COL1A1 (rs1800012) e COL3A1 (rs1800255) não foi considerada fator de risco para esta doença. Entretanto, o parto vaginal, AFPOP, número de gestações DM e a idade, foram considerados fatores de risco e o parto cesáreo foi um fator protetor para o desenvolvimento do POP