DETECÇÃO SOROLÓGICA DE IGGS REATIVAS AO VÍRUS DA HEPATITE E EM
DOADORES DE SANGUE E INDIVÍDUOS TRANSPLANTADOS HEPÁTICOS
Autor (a): Tatiane Aquino Torres
Orientador: Rafael Frandoloso
Passo Fundo, 04 de setembro de 2019
A hepatite viral representa um importante desafio para o sistema de saúde pública e pode ser
causada por diferentes agentes virais. Entre as hepatites, destaca-se a causada pelo vírus da
hepatite E (HEV), um microrganismo emergente que produz uma infecção silenciosa e
imperceptível na maioria dos humanos, no entanto, em mulheres grávidas e pacientes
imunocomprometidos pode produzir uma doença hepática fulminante, ocasionando taxas de
mortalidade de até 25%. No Brasil, testes de triagem para HEV não são obrigatórios e, por esta
razão, o HEV tem sido subdiagnosticado ou mesmo negligenciado, representando uma grande
ameaça para indivíduos transplantados de fígado e receptores de sangue. O objetivo deste
estudo foi avaliar o perfil sorológico de doadores de sangue e pacientes transplantados para
presença de HEV e anticorpos anti-ORF2. Um total de 1800 doadores de sangue regulares e 2
indivíduos transplantados hepáticos foram incluídos neste estudo. As amostras procedentes de
doadores de sangue, homens e mulheres, com idades entre 18 e 78 anos, foram obtidas entre
janeiro de 2013 e dezembro de 2017. A presença de anticorpos da classe IgG foi determinada
qualitativamente por meio de um ELISA Indireto in house e a presença viral por RT-qPCR.
Nossos resultados demonstram que 33,9% (611/1.800) dos doadores analisados possuem
anticorpos sistêmicos reagentes ao vírus da hepatite E. Entre os indivíduos transplantados, 50%
deles (1/2) também foram considerados positivos para a presença de IgG anti-HEV. De forma
inédita, demonstramos viremia por HEV em um dos receptores hepáticos. A alta prevalência
de anticorpos anti-HEV corrobora nossas observações anteriores e destaca a circulação
endêmica do HEV na região de estudo. De forma alarmante, demonstramos por primeira vez
um caso de Hepatite E em paciente transplantado na região de Passo Fundo; alertando para a
necessidade de se realizar o monitoramento molecular para HEV em amostras de sangue ou
hemocomponentes que serão infundidos em pacientes de risco, podendo esta estratégia prevenir
o desenvolvimento de hepatite fulminante e, consequentemente, salvar vidas.