Este trabalho busca, nas técnicas e processos inerentes ao processo criativo publicitário,
contribuições aplicáveis na roteirização e planejamento de videoaulas para educação a
distância online, a partir da premissa/tese de que esses processos advindos da
propaganda qualificam a roteirização das videoaulas. As contribuições da publicidade
foram obtidas através de pesquisa teórica e empírica. Primeiramente foi realizada uma
extensa pesquisa bibliográfica perpassando temas e subtemas relacionados ao
conhecimento do campo de estudo, embasando a criação de pontos se intersecção
entre as áreas da criação publicitária, da roteirização de videoaulas e da experiência do
autor enquanto profissional de ambas, buscando esse conhecimento em autores como
Barreto (2004), Burtenshaw (2011), Waiteman (2006), Bertomeu (2010, 2010b), na área
da publicidade, e Filatro & Cairo (2015), Koumi (2006), O’Donoghue (2014), e Moussiades
et al. (2017) no campo da roteirização de videoaulas. Já com algumas intersecções em
mente, foram realizadas entrevistas com outros profissionais da área da criação
publicitária com experiência em planejamento de videoaulas, buscando qualquer
conhecimento da prática que pudesse ter passado despercebido na pesquisa
bibliográfica, com o intuito de criar novas interfaces e corroborar ou contradizer os
preceitos advindos da pesquisa bibliográfica. A lista de temáticas de confluência, de
contribuições do processo criativo tipicamente publicitário ao processo criativo de
videoaulas para EaD, resultado deste trabalho, é bastante vasta, e destacam-se alguns
pontos como: a adaptação da clássica dupla de criação, formada por redator e diretor
de arte na propaganda, ao âmbito da EaD, com a formação designer educacional e
professor conteudista; o entendimento da criação e da criatividade como ferramentas
de trabalho; a cultura da busca de referências, constante e cotidiana; a criação de
roteiros a partir de associações de palavras e ideias, incluindo o processo de
brainstorming; o uso de documentos norteadores prévios, como o briefing de criação e
o modelo brief-pitch (do inglês, breve-afinação), trazido aqui como sugestão; a
preocupação com o público-alvo, buscando-se compreender melhor quem está do
outro lado, ou seja, o estudante, podendo-se fazer uso de instrumentos baseados nas
pesquisas de mercado da propaganda para identificá-lo; a apreensão da atenção do
espectador, utilizando-se estratégias narrativas e recursos audiovisuais atrativos, como
o uso de humor e vídeos curtos, fragmentados como uma campanha publicitária; e,
finalmente, a roteirização com escrita visual e com linguagem não técnica.