A doença mixomatosa valvar mitral (DMVM), ou endocardiose de valva mitral, é a cardiopatia adquirida de maior prevalência em cães, sendo a principal causa de insuficiência cardíaca em cães de porte pequeno. O exame ecodopplercardiográfico, que permite avaliação morfológica e funcional cardíaca, é considerado o teste “padrão ouro” para realizar o diagnóstico ecodopplercardiografia sobre a função ventricular também determinam o prognóstico em cães com DMVM, uma vez que a disfunção sistólica é um fator de risco nesses pacientes e contribui para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca. Entretanto, a avaliação da função sistólica ventricular por meio de índices ecodopplercardiográficos convencionais é limitada, uma vez que sofre influência direta dos fatores de pré-carga e pós-carga. A avaliação da mecânica cardíaca por strain (ST) e strain rate (STR), por meio do speckle tracking e estadiamento da DMVM em cães. Informações obtidas pela bidimensional (2D-STE), permite, em seres humanos, o diagnóstico mais precoce da disfunção ventricular. Além destes, o deslocamento tecidual do anel mitral (TMAD) é um índice de função sistólica longitudinal que apresenta boa correlação com os índices ecodopplercardiográficos convencionais e baixa variabilidade intra e interobservador. Desta forma, o objetivo deste estudo foi verificar se os índices de deformidade miocárdica (ST e STR) e o TMAD são mais precisos e precoces que os índices ecodopplercardiográficos convencionais na avaliação da função sistólica do ventrículo esquerdo em cães com DMVM, mensurando as variáveis no dia do diagnóstico (T0) e após 30 dias (T30). Para tanto, foram avaliados 29 cães, categorizados de acordo com o consenso do ACVIM, sendo oito desses em estágio B1, 12 em estágio B2 e nove em estágio C. Considerando as variáveis convencionais, utilizadas nesse estudo, não foi observada a presença de disfunção sistólica em cães com DMVM, entretanto foram observadas mudanças após o início do tratamento farmacológico nas variáveis FET% e MAM. A partir da avaliação por 2D-STE, de forma semelhante à avaliação convencional, não se pode determinar disfunção sistólica nos cães com DMVM. Contudo, a variável ST longitudinal indexado pelo peso apresentou aumento significativo entre os tempos de avaliação no grupo C, sendo ainda significativamente maior em C do que em B2, na adminissão, e maior em C que nos demais grupos após o tratamento. Para a váriavél STR longitudinal diminuiu em T30 no B1 e aumentou em C. Quando comparados os grupos, em T30, o grupo C apresentou valores maiores que em B1 e B2. Ainda, as variáveis ST longitudinal e TMAD apresentaram correlação negativa significativa quando indexadas ao peso. Concluindo, a avaliação da deformidade miocárdica por meio da avaliação 2D-STE, demonstrou boa reprodutibilidade. Entretanto, não demonstrou superioridade frente aos índices convencionais para o diagnóstico da disfunção sistólica em cães com DMVM em seus diferentes estágios.