A relevância das feridas cutâneas na rotina da clínica médica veterinária denota a importância da ampliação das técnicas terapêuticas economicamente viáveis voltadas ao seu tratamento. A aplicação de soluções ozonizadas, sobretudo a água e o óleo ozonizados, constam como técnicas que podem auxiliar no processo de reparo tecidual. Dessa forma, este estudo teve por objetivo avaliar e comparar os efeitos da água e do óleo ozonizados sobre o reparo tecidual de feridas cutâneas experimentalmente induzidas em ratos. Para isso, foram utilizados 48 ratos albinos, da linhagem Wistar, fêmeas, com peso corporal entre 250 a 300 gramas. Foram confeccionadas feridas de 9 mm de diâmetro no dorso dos animais, entre as escápulas, as quais foram tratadas uma vez ao dia, nos diferentes grupos experimentais, sendo 12 ratos tratados com água ozonizada (GA), 12 com óleo ozonizado (GO), 12 com creme de alantoína a 0,2% (GAL) e 12 com cloreto de sódio a 0,9% (GCL). As feridas foram submetidas a morfometria imunomarcação para fator de crescimento vascular endotelial (VEGF). À avaliação macroscópica a ferida dos animais do grupo GA apresentou maior porcentagem de retração em relação àquela dos ratos dos demais grupos aos dias três, oito e 15 após a indução, sendo a retração da ferida dos animais do GA estatisticamente maior do que aquela dos ratos dos grupos GO e GAL nos dias três e oito (p<0,05). Em relação ao tipo de matriz extracelular (MEC) nas feridas, não houve diferença estatística entre os grupos estudados. No entanto, a coloração de picrosirius red mostrou que os grupos GA e GO apresentaram maior deposição de colágeno total aos 15 e aos 22 dias de tratamento, respectivamente. Além disso, nesses momentos de avaliação, esses grupos apresentaram maior porcentagem de fibras colágenas do tipo I em relação a outros grupos (p<0,05). Ainda, a variável neovascularização foi maior na ferida dos ratos do GO em todos os dias avaliados, sendo estatisticamente maior aos três e oito dias em relação ao grupo GCL, aos 15 dias em relação ao GCL e ao GAL. Já aos 22 dias, o grupo GA apresentou uma quantidade significativamente menor de vasos em relação aos outros grupos, o que indica que este grupo entrou mais rapidamente em remodelamento da cicatriz. Esses achados foram corroborados pela marcação imunoistoquímica do VEGF, que se apresentou maior no grupo GO em todos os momentos, o que gerou imunomarcação significativamente maior na ferida dos animais deste grupo aos oito dias em relação ao grupo GCL, aos 15 dias em relação ao grupo GA, e aos 22 dias em relação aos grupos GA e GCL. Conclui-se que a água e o óleo ozonizados nas concentrações testadas contribuem com o processo de reparo tecidual em feridas cutâneas experimentalmente induzidas em ratos. A água ozonizada potencializa a retração da ferida, bem como promove melhor organização do epitélio e acelera a entrada da cicatrização na fase de maturação e remodelamento, levando em consideração a maior deposição de colágeno do tipo I aos 15 dias e menor vascularização aos 22 dias; enquanto o óleo ozonizado à concentração de 418,48 mEq/kg de peróxidos promove maior neovascularização durante o reparo tecidual, além de maior deposição de colágeno do tipo I a partir da terceira semana de tratamento.