A Raiva é uma doença zoonótica causada por um vírus do gênero Lyssavirus, que é transmitido através da mordedura, lambedura ou arranhadura de um mamífero infectado, principalmente cães, gatos, morcegos hematófagos, além de outros mamíferos silvestres. O município de Curuçá, mesorregião Nordeste do Pará, tem numerosos relatos de agressão por morcegos hematófagos em humanos, trazendo a preocupação em relação à provável exposição desses cidadãos ao vírus rábico e reconhecendo a necessidade de ações de profilaxia e educação sobre raiva humana mais intensas. Para isso, conta-se com o auxílio dos profissionais de saúde da região, que são os maiores disseminadores de informações sobre a saúde da população e, portanto, precisam estar bem informados. Nesse contexto, este estudo teve por objetivo analisar o efeito de uma intervenção educacional sobre o Conhecimento, Atitude e Prática (CAP) de profissionais de saúde do município de Curuçá em relação à raiva. Para tanto, entrevistas com questionário semiestruturado foram aplicadas a 105 profissionais de saúde do município, com o intuito de obter informações demográficas, além de informações CAP em relação à raiva. Em seguida, foi oferecida uma capacitação à equipe na qual foram abordados aspectos sobre a o agente etiológico, formas de transmissão do vírus e medidas profiláticas através de palestras e oficinas. Seis meses depois o mesmo questionário foi aplicado a esses indivíduos. A análise descritiva dos dados foi desenvolvida no SPSS v24 e a análise Bayesiana foi aplicada para verificar os efeitos da intervenção a partir do score atribuído às respostas dos participantes e das variáveis que constavam no questionário. Os resultados indicam que a capacitação foi capaz de alterar o nível de conhecimento da maioria dos participantes (60,5%). Porém, como o CAP inicial foi considerado como insatisfatório (score 21,20) e 67,3% dos profissionais de saúde alcançaram um nível satisfatório (score maior que 31,00) após a intervenção. Os melhores resultados foram observados entre aqueles profissionais da faixa etária maior de 40 anos, com mais de 16 anos de tempo de serviço. A capacitação interferiu principalmente no Conhecimento desses indivíduos. Este estudo demonstrou que ações de capacitação continuada a respeito da raiva são necessárias para esses profissionais, e que palestras e oficinas são efetivas para aumentar o CAP desses profissionais. Outros estudos são necessários para verificar os efeitos dessas práticas no dia-a-dia das comunidades a longo prazo.