CALDATO, André, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, agosto de 2019. CONSTRUÇÃO DE COMPOST BARN: TRADICIONAL X TÚNEL DE VENTO; NUTRIÇÃO E MANEJO NO PERÍODO DE TRANSIÇÃO. Orientadora: Polyana Pizzi Rotta. Coorientador: Marcos Inácio Marcondes. Os confinamentos de vacas leiteiras vêm ganhando espaço no Brasil, com o intuito de alcançar maiores produtividades. Desse modo os dois sistemas mais comumente utilizados são o Free Stall e o Compost Barn. Nos EUA o Compost Barn ganhou espaço por ser uma alternativa de confinamento que traria maior conforto aos animais nele alojados, reduzindo problemas de casco e lesões de jarrete, que eram comuns do Free Stall. Hoje já existe literatura que indica os principais aspectos que devem ser respeitados em uma construção de Compost Barn. Estes envolvem principalmente o espaçamento de cama por animal (mínimo 8 m²), espaçamento de cocho por animal (mínimo 91 cm a cada 15 vacas) e espaçamento de cocho (mínimo 60 cm por animal). Vacas leiteiras muito produtivas tendem a produzir maior calor metabólico, por este fato estes se tornam mais susceptíveis ao estresse térmico, que irá impactar fortemente na produção, reprodução e saúde. Para atenuar o estresse térmico dos animais, existem hoje muitos sistemas de ventilação natural através de ventiladores e aspersores que são utilizados em Free Stall e Compost Barn. No entanto, em Free Stall existem também outros dois sistemas mais recentes de resfriamento que são os galpões de ventilação cruzada e túnel de vento. Desse modo o sistema foi adequado para o Compost Barn e em 2015 no Brasil foi montado o primeiro galpão de Compost Barn em túnel de vento, para maximizar o conforto animal, em épocas onde as temperaturas são elevadas. Embora recente os primeiros resultados de campo se mostram satisfatórios, sendo observados principalmente aumentos de produtividade e redução de custos com medicamentos. Juntamente a um adequado conforto térmico é preciso ter atenção quando ao manejo e nutrição dos animais lactantes. Portanto grande importância deve ser dada ao período de transição da vaca leiteira, que se define como as três últimas semanas de gestação e as três primeiras semanas de lactação. Parte do período seco da vaca leiteira pertence ao período de transição, este é um período de descanso entre uma lactação e outra onde há na glândula mamária um processo de renovação celular, sendo essencial para o sucesso da lactação seguinte. A duração do período seco deve ser de no mínimo 45 dias, quando se trata de animais de alta produção. A forma de secagem pode ser abrupta ou gradativa, pois o modo como é feita não apresentou grande influência em infecções posteriores bem como aumentos em CCS (contagem 4 de células somáticas). A realização de cultura bacteriana antes da secagem para definir o melhor tratamento e se há necessidade de utilizar antibióticos é tendência mundial para reduzir o uso dos mesmos. Durante o período de transição, o animal tem uma grande queda no consumo de matéria seca (CMS), associado a diversas alterações metabólicas e aumentos nos requisitos de energia e proteína nos últimos 60 dias de gestação. Ademais, no pós-parto imediato a exigência para a produção de leite aumenta consideravelmente. Por este fato o animal entra em um estado chamado de balanço energético negativo (BEN), onde há um aumento significativo de produção juntamente com um baixo CMS. O escore de condição corporal (ECC) tem grande influência em doenças que poderão surgir no período de transição, desse modo é preciso avaliar o ECC pelo menos em 4 fases da vida produtiva da vaca leiteira, que são na secagem, ao parto, no pico de lactação e no momento da inseminação. Este fator é importante, porque animais que secam com altos ECC tendem no pós-parto realizar maior mobilização de AGNE (ácidos graxos não esterificados) e consequentemente geram maiores concentrações de BHBO (betahidoxibutirato), esses dois fatores podem influenciar diretamente em atrasos a primeira inseminação. Outro fator ligado a perdas grande de condição corporal no pós-parto é a elevação dos níveis de leptina que atua no centro da saciedade reduzindo ainda mais o CMS, além de interferir no pico de LH da primeira ovulação. O BPN (balanço proteico negativo) também pode ocorrer no pós-parto para suprir as demandas de AA e glicose da glândula mamaria, para evitar que isso ocorra é necessário que as dietas pós-parto possuam maiores níveis de proteína metabolizáveis. Como consequência de várias desordens metabólicas, existem algumas doenças que são comuns nesta fase, que são a cetose clinica e subclínica, deslocamento de abomaso, hipocalacemia clinica e subclínica. Estas doenças podem ser evitadas com diversos manejos empregados no período de transição. Um deles são estratégias nutricionais voltadas para o período de transição, como dietas com baixo cálcio, dietas acidogênicas, uso de inonófos, precursores gliconeogênicos, niacina, lipídeos, metionina e colina. No entanto estas estratégias nutricionais devem ser combinadas como estratégias de manejo, de modo que complicações nesta fase sejam raras, tendo assim rebanhos mais saudáveis e produtivos.