Este estudo objetivou avaliar a atividade fotoprotetora in vivo, e o potencial genoprotetor e antineoplásico in vitro da apitoxina produzida pela Apis melífera no semiárido do Rio Grande do Norte. Para tanto, foram avaliadas a atividades antioxidante da solução aquosa de apitoxina através do método DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazilo), bem como a avaliação do seu potencial genotóxico e antigenotóxico através do ensaio cometa. A atividade antineoplásica nas linhagens de células tumorais humanas de adenocarcinoma de póstrata (PC3), carcinoma hepatocelular (HEPGE2), melanoma (MAD-MB435) e astrocitoma (SNB19) foram verificadas através do método colorimétrico MTT [brometo de 3- (4,5dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazolio], assim como a atividade citotóxica em células normais de fibroblastos (L929) e queratinócitos (HACAT). O efeito fotoprotetor in vivo do
gel com apitoxina foi avaliado em 16 ratos Wistar, sendo distribuídos em quatro grupos experimentais com 4 ratos em cada: Grupo 1 ( G1) composto por ratos no qual a pele da região dorsal não recebeu aplicação tópica do gel a base de apitoxina e não foi submetido à irradiação UVB; Grupo 2 ( G2) cuja a pele dos animais não foram submetidos a aplicação tópica do gel e foram irradiados; Grupo 3 (G3) cuja a pele foi submetidos a aplicação tópica do gel a base de apitoxina a 2.5% e submetido à irradiação e o Grupo 4 (G4), no qual a pele foi submetidos
a aplicação tópica do gel a base de apitoxina a 5.0% e submetido à irradiação. Na atividade antioxidante, os resultados mostraram que a capacidade inibitória da solução de apitoxina (IC50) foi de 0.648 mg/mL. Os maiores percentuais de inibição do DPPH foram obtidos nas concentrações de 1mg/mL e 0.8mg/mL, que foram respectivamente de 74.92% e 60.85%. A apitoxina não exerceu efeito genotóxico em células da linhagem L929 nas concentrações de
30 μg/mL, 10 μg/mL e 5 μg/mL após 24 horas de exposição, sendo apenas evidenciado esse efeito na concentração de 50 μg/mL. Também, em todas as concentrações testadas, a apitoxina promoveu redução significativa do índice de dano ao DNA (idDNA) quando comparado ao controle positivo (células tratadas com H2O2). O potencial antineoplásico foi demonstrado in vitro, uma vez que nas concentrações de 50 μg/mL e 25 μg/mL foram observados efeito citotóxico, com redução significativa dos percentuais de viabilidade das linhagens tumorais PC3, HEPGE2, MAD-MB435 e SNB19, porém não apresentou citotoxicidade em células normais L929 e HACAT, sugerindo uma ação seletiva. Foi evidenciado que o gel a base de apitoxina foi capaz de proteger a pele da irradiação UVB, uma vez que a pele dos animais dos G3 e G4 apresentaram padrão morfológico macroscópico e histológico semelhante ao G1, enquanto que na pele dos ratos do G2 foram observados no exame macroscópico áreas focais de queimadura e eritema, e no exame histológico necrose de queratinócitos, presença de células inflamatórias, mastócitos, congestão vascular, edema intersticial e dissociação das fibras colágenas. A alta atividade antioxidante evidenciada, associada à ausência de efeito genotóxico, genoprotetor e citotóxico em células normais, fornecem indícios das potencialidades terapêuticas da apitoxina, e confirmam seu efeito antineoplásico nas linhagens tumorais PC3, HEPGE2, MAD-MB435 e SNB19, além disso, justificam o seu uso em formulações cosméticas fotoprotetoras.