LUCIANI, Marilia Gabriela. Impacto da terapia esteroide sobre a citologia do lavado broncoalveolar em cães acometidos por bronquite crônica. 2019. 101 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Estado de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Lages, 2019. A bronquite crônica canina (BCC) é considerada uma das afecções respiratórias mais comuns em cães, caracterizada por tosse crônica e progressiva, com comprometimento da qualidade de vida dos pacientes, podendo culminar em insuficiência respiratória. Apesar de a corticoterapia ser a base do tratamento, é realizada de forma empírica, sendo a literatura escassa quanto à dose e tempo de tratamento adequado, assim como acerca da verdadeira influência sobre o processo inflamatório bronquial. O objetivo foi avaliar os achados citológicos de inflamação do lavado broncoalveolar (LBA) e a gravidade da tosse em cães acometidos por BCC, antes e após terapia esteroide. Foram utilizados 16 cães sem padronização de raça, idade e peso, com histórico de tosse há mais de 15 dias, os quais passaram por avaliação clínica, radiográfica, broncoscópica e citológica do LBA. Os pacientes foram incluídos no estudo após diagnóstico definitivo de BCC, a partir da confirmação de inflamação predominantemente neutrofílica no LBA. O tratamento foi instituído utilizando a prednisona na dose de indução por 15 dias (1 mg/kg a cada 24 horas), seguido por período de redução progressiva da dose (RPD; 0,5 mg/kg a cada 24 horas por 10 dias, seguido a cada 48 horas por 10 dias) até a dose de manutenção (0,5 mg/kg a cada 72 horas) por pelo menos 10 dias. O acompanhamento do tratamento foi realizado por meio de questionário acerca do quadro de tosse e escala visual analógica (EVA) de gravidade da tosse aplicada aos tutores e LBA guiado pela broncoscopia. Houve redução significativa da gravidade da tosse detectada pela EVA em relação ao período pré-tratamento e RPD, pré-tratamento e manutenção e indução e manutenção. Não se observou diferença na contagem relativa de neutrófilos, macrófagos e linfócitos em nenhum dos momentos do tratamento. Os eosinófilos apresentaram redução significativa na contagem relativa quando comparados os momentos pré-tratamento e indução, entretanto aumento significativo ocorreu quando comparados indução e manutenção. A terapia esteroide melhorou o quadro clínico de tosse em pacientes com BCC, considerando a percepção dos tutores. Entretanto, a terapia não parece ser efetiva quanto a redução no influxo de células inflamatórias para os pulmões nesses pacientes, em especial de neutrófilos, não havendo alteração da contagem relativa de células quando avaliado o fluido obtido do LBA antes e após tratamento.