Objetivo: Analisar as práticas da amamentação e alimentação complementar de crianças de 0 a 23 meses, nascidas na cidade de Cruzeiro do Sul, município da Amazônia Ocidental Brasileira. Método: Estudo transversal, realizado durante as Campanhas Nacionais de vacinação nos anos de 2016 e 2017. A metodologia utilizada para o cálculo amostral foi por conglomerados, e o número calculado foi de 856 crianças. O instrumento de pesquisa teve como base o questionário utilizado na II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, que foi adaptado segundo as necessidades do estudo. A coleta de dados foi efetuada com as mães ou acompanhantes das crianças que compareceram nas UBS no dia da campanha ou que antecederam ou a sucederam. Para analisar o desmame precoce, foram utilizados os testes Qui quadrado, Kolmogorov-Smirnov, Hosmer e Lemeshow. Para o desmame total, foi adotada a análise de sobrevivência de Kaplan-Meier e Modelo de Cox. Para a alimentação complementar, foi utilizado o modelo de Regressão de Poisson com variância robusta. Para todos os testes estatísticos, foi considerado um nível de segurança de 5% e empregado o software estatístico IBM SPSS 20.0 e Stata 12. Resultados. A prevalência do AME foi de 34,7% (IC 31,1 - 38,4) e do AM foi de 65,3% (IC 62,0 - 69,2). Os fatores associados ao desmame precoce foram escolaridade paterna e experiência anterior em amamentação. Os fatores associados ao desmame total foram: tempo da experiência anterior em amamentação menor que seis meses, não amamentação na 1ª hora, uso de chupeta e mamadeira. A avaliação dos indicadores da alimentação complementar identificou que apenas 11,7% tiveram introdução oportuna de alimentos e somente 9,0% tiveram diversidade alimentar mínima, enquanto 42,3% praticaram a frequência mínima e consistência adequada. O consumo de alimentos ricos em ferro foi de 85,5% e de vitamina A de 58,7%. Já o consumo de alimentos ultraprocessados foi praticado por 98,9% das crianças e o consumo de bebidas adoçadas foi de 72,7%. Os principais fatores associados à inadequação alimentar foram: baixa escolaridade materna e paterna, baixa renda, residir na zona rural, idade da criança entre 6 e 11 meses, enquanto a renda entre um a dois salários-mínimos ou mais mostrou-se inversamente associada ao desfecho. Conclusões: As práticas alimentares em crianças menores de dois anos estão aquém das recomendações da OMS e MS. É necessário o aprimoramento de políticas públicas de saúde nesta área para otimização da qualidade de vida destas crianças.