O Vale do São Francisco se destaca no ramo da caprinocultura com produção anual de aproximadamente 9 milhões de caprinos. A atividade leiteira nessa região vem ganhando expressividade devido o potencial lucrativo, principalmente pela alta capacidade de adaptação dos pequenos ruminantes às regiões semiáridas e condições climáticas diversas que não comprometem a produção de leite. Grande parte da produção é destinada ao consumo familiar ou venda direta para os consumidores, com preço baixo, o que torna a atividade desafiante. Dessa forma, é de suma importância investigar os agentes infeciosos que podem comprometer a produtividade dos rebanhos e consequentemente, a renda dos produtores da região. O trabalho teve como objetivo, dimensionar o impacto econômico e realizar estudo epidemiológico da artrite encefalite caprina (CAE) e mastite nos rebanhos caprinos leiteiros do semiárido nordestino no Brasil. A pesquisa previamente aprovada pelo comitê de ética da UNIVASF, seguiu-se com a coleta das amostras de sangue (n=351) e leite (n= 321), aplicação de um questionário estruturado para avaliação dos fatores de risco, análise do perfil econômico das propriedades e georreferenciamento da localização das mesmas. Utilizou-se a técnica de imunodifusão em gel de agarose para detecção de anticorpos anti-lentivírus da CAE. As amostras de leite foram semeadas em ágar sangue, sendo a leitura realizada 24 horas após incubação das placas. No total, 3,4%, dos animais foram soropositivos para CAE e 15,8% diagnosticados com a mastite. O maior percentual de animais positivos foi oriundo de propriedades com sistema de criação semi-intensivo (71,95%), limpeza semanal das instalações e que não realizavam o pré e pós dipping. A ausência de assistência técnica está associada ao aparecimento da mastite. Além disso, a ordenha em plataforma foi um fator protetor para a doença. Os rebanhos com a presença simultânea das duas doenças, apresentaram redução na produção de leite, embora sem diferença significativa estatística. O semiárido nordestino ainda é afetado pelo vírus da CAE, bem como os casos de mastite, principalmente pela ineficiência do manejo aplicado nas propriedades leiteiras, que põe em risco a renda dos produtores de leite na região. No entanto, apesar dos problemas sanitários o estudo mostra a baixa frequência destas enfermidades. Diante disso, desenvolver estratégias de controle e manejo correto nos rebanhos com melhorias nas instalações, juntamente com a parceria de instituições públicas e governamentais, impulsiona o crescimento e melhorias na atividade leiteira. Bem como, auxilia na prevenção de soropositivos para a Artrite Encefalite Caprina na região.