Micoplasmas não hemotrópicos são bactérias pertencentes à microbiota das mucosas do trato respiratório de mamíferos, embora sejam importantes agentes causadores de manifestação clínica respiratória nos gatos. Este trabalho teve como objetivo pesquisar a presença de micoplasmas não hemotrópicos em diferentes sítios do trato respiratório anterior em gatos domésticos jovens portadores de complexo respiratório felino, correlacionando a frequência dos achados clínicos respiratórios com a infecção por Mycoplasma spp. Foram incluídos no estudo gatos domésticos de até 2 anos e 11 meses de idade, com sinais clínicos de doença respiratória anterior. Foram realizados exame clínico completo, hemograma e coleta de secreção ocular, nasal e orofaríngea, para realização de cultivo e isolamento e PCR para Mycoplasma spp. Do total de 16 gatos estudados, 7/16 (43,8%) eram fêmeas e 9/16 (56,3%) machos, sendo a maioria 9/16 (56,3%) castrada. Em relação à idade, 2/16 (12,5%) tinham menos de 6 meses e 14/16 (87,5%) entre 7 meses e 2 anos. Quanto à presença de retroviroses felinas, 5/16 (31,3%) eram portadores de antígenos do vírus da leucemia felina (FeLV), e 2/16 (12,5%) eram soronegativos para o vírus da imunodeficiência felina (FIV) e FeLV e 9/16 (56,3%) não eram testados. No exame físico geral, resultados variados foram encontrados, sem associação estatística com a infecção por Mycoplasma spp. (p ≥ 0,05). Os animais apresentavam diversos sinais clínicos respiratórios dentre eles espirros 14/16 (87,5%), secreção nasal bilateral 12/16 (75%), secreção ocular 7/16 (43,8%), tosse (5/16; 31,3%), hiperemia conjuntival (2/16; 12,5%), e dispneia (1/16; 6,3%). Destes gatos, apenas 3/16 (20%) apresentavam crescimento em cultivo e 15/16 (93,8%) positivos à PCR para Mycoplasma spp.. Dentre os animais com resultados positivos na PCR, 14 (93,3%) apresentaram espirros, 12 (80%) secreção nasal, seis (40%) secreção ocular, quatro (26,6%) tosse, dois (13,3%) hiperemia conjuntival, e um gato (6,6%), dispneia (p ≥ 0,05). Ainda pela PCR, obteve-se positividade de 73,3%, 60% e 33,3% em amostras de secreção orofaríngea, nasal e ocular, respectivamente. Dentre esses, três gatos apresentaram resultados positivos nos três sítios de coleta, dois nas amostras de secreções ocular e orofaríngea, dois nas amostras de secreções nasal e orofaríngea, quatro somente nas amostras de secreção nasal, e os outros quatro gatos, nas amostras de secreção orofaríngea. Apenas uma fêmea, sem raça definida, de 1 ano de idade, que apresentava espirros e secreção ocular, não portadora de retroviroses, apresentou resultado negativo tanto na cultura quanto na PCR nos três sítios de coleta. A presença de sinais clínicos não foi relacionada estatisticamente com a positividade à PCR para Mycoplasma spp. (p ≥ 0,05). Entretanto, sinais clínicos respiratórios mais graves foram observados em gatos com resultados positivos à PCR a partir de amostras de secreção orofaríngea. Micoplasmas não hemotrópicos foram detectados pela PCR em gatos domésticos jovens portadores de complexo respiratório a partir de amostras de secreções do trato respiratório anterior.