A Dermatite Atópica canina representa uma doença alérgica tegumentar de
etiologia multifatorial, influenciada por fatores genéticos e ambientais, que
culminam na patogenia complexa e não completamente elucidada da doença.
Ocorre liberação de interleucinas e enzimas pró-inflamatórias que causam um
intenso prurido corpóreo. O prurido é a principal manifestação clínica da
doença, que por sua vez, induz o paciente ao autotraumatismo e ao
desenvolvimento de infecções bacterianas e fúngicas secundárias.
Classicamente a atopia canina é tratada com glicocorticoides, que apesar da
grande eficácia, pode gerar efeitos colaterais importantes e distúrbios
metabólicos graves como dislipidemia, hiperglicemia e hiperadrenocorticismo
iatrogênico. O advento do oclacitinib em 2016 tem se tornado uma ótima opção
de terapia para o controle do prurido sem relatos de efeitos colaterais
importantes até o momento. Por este motivo, o presente estudo teve como
objetivos avaliar a frequência de efeitos metabólicos, da qualidade de vida e da
redução do prurido em cães atópicos tratados com glicocorticoides,
incialmente, e com oclacitinib, posteriormente. Para tanto foram incluídos dez
cães atópicos, de forma prospectiva, os quais receberam 30 dias de tratamento
com prednisolona e depois mais 30 dias de tratamento com oclacitinib,
sequencialmente. Todos os animais foram avaliados em três momentos
diferentes, isto é, antes do início da terapia (T0), 30 dias após a instituição da
terapia com prednisolona e imediatamente antes de iniciar a terapia com
oclacitinib (T1) e 30 dias após terapia com oclacitinib (T2). Essa avaliação
compreendeu exames laboratoriais (colesterol, triglicérides, glicose, fosfatase
alcalina e alanino aminotransferase), estadiamento do prurido e das lesões
cutâneas pelo método CADESI e questionário aplicado aos tutores. Não foram
observadas diferenças estatísticas sobre as concentrações séricas dos
parâmetros bioquímicos entre os períodos T0, T1 e T2. Foi constatada uma
melhora significativa tanto do prurido quanto das lesões cutâneas com o uso do
corticoide, que foi superada com uso do Oclacitinib. Além disso, o questionário
aplicado aos tutores dos cães atópicos nos três tempos (T0, T1 e T2) apontou
um ganho de qualidade de vida mais significativo ao término do uso do
oclacitinib em comparação ao período de tratamento com a prednisolona.
Concluiu-se, dessa forma, que não houve alterações metabólicas significativas
com os dois tratamentos instituídos, porém a redução do prurido, do quadro
lesional, e da melhora da qualidade de vida foram mais significativas com o uso
do oclacitinib