O sobrepeso e a obesidade são alterações cada vez mais frequentes em cães e estão relacionados a distúrbios em diversos sistemas, sendo acompanhadas, muitas vezes, por dislipidemias, que podem levar a alterações da membrana eritrocitária e do metabolismo oxidativo. O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil lipídico e
metabolismo oxidativo de cães obesos e com sobrepeso e correlacionar os parâmetros. Foram utilizados 45 cães hígidos, tendo a obesidade ou sobrepeso como única alteração, avaliados por meio de exame físico e laboratorial de acordo com o Índice de Massa Corporal Canino (IMCC) e escala de condição corporal (ECC) de nove pontos. Foram divididos em três grupos de 15 cães, sendo o GC (grupo controle) animais com ECC de 4 a 5 e IMCC entre 11,8 e 15,0, GS (grupo sobrepeso) animais com ECC de 6 a 7 e IMCC entre 15,1 e 18,6 e o GO (grupo obeso) animais com ECC
de 8 a 9 e IMCC acima de 18,7. As idades variaram de 1 a 14 anos, sem distinção de raça, porte, sexo e condição reprodutiva. Os animais foram submetidos à coleta de sangue em um único momento. Para análise hematológica foi realizado hemograma. Para avaliação do perfil lipídico foram realizadas as dosagens bioquímicas séricas de
colesterol total, lipoproteínas de alta densidade (HDL), lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e triglicérides. Foram ainda mensuradas as concentrações séricas de ureia, creatinina, alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), gama glutamiltransferase (GGT), proteína sérica total (PST), albumina e glicose. Para avaliação do metabolismo oxidativo foram mensurados o malondialdeído (MDA) e a glutationa reduzida (GSH) eritrocitária e a albumina modificada pela isquemia (IMA). A fragilidade osmótica eritrocitária (FOE) também foi avaliada. Na análise estatística, foi utilizado o teste de normalidade Shapiro-Wilk seguido da análise variância e teste
de Kruskal-Wallis, para dados paramétricos e não paramétricos, respectivamente. Os dados com grau de significância de p<0,05 foram submetidos ao teste de comparação de médias de Tukey. A correlação foi realizada por meio do teste de correlação de Pearson. Nas dosagens bioquímicas, houve diferença estatística significativa na FA (p<0,05) e nos valores de colesterol total (p< 0,05), HDL (p<0,001) e LDL (p< 0,05) entre o GO e demais grupos. Nos marcadores do estresse oxidativo, houve diferença significativa na dosagem de MDA do GO em relação aos demais (p=0,033), enquanto a GSH eritrocitária, IMA e FOE não mostraram diferenças significativas. A obesidade causou alterações no perfil lipídico, elevando os valores de colesterol total, HDL e LDL, os quais mostraram uma correlação com maior nível de IMA. A maior concentração de MDA indicou acréscimo na lipoperoxidação de cães obesos, possivelmente devido à menor resposta antioxidante da GSH eritrocitária. O estresse oxidativo gerado não foi suficiente para alterar as concentrações de IMA e a FOE.