Essa é uma tese que teve como objetivos: identificar os significados atribuídos pelos enfermeiros à
dimensão psicoafetiva do cliente com DRC, atendido na nefrologia; analisar como se configuram os
significados a partir de diagnósticos e intervenções do enfermeiro. O referencial teórico adotado foi a
Logoterapia, de Victor Frankl. Método: qualitativo, exploratório e descritivo. Participaram quatorze
enfermeiros do serviço de nefrologia, de um hospital universitário do Rio de Janeiro, de ambos os
sexos, com mais de dezoito anos, experiência superior a seis meses e incluídos na escala permanente
do serviço diurno e noturno. A coleta de dados se deu após a aprovação do projeto de pesquisa, com
parecer número 2.121.390, em uma antessala do referido serviço, de 15 de setembro de 2017 a 18 de
março de 2018, em três momentos. Foram considerados como riscos o desconforto emocional e o
constrangimento gerado pela entrevista, haja vista o resgate de fatos e experiências marcantes da
prática profissional dos enfermeiros; e, como benefício, o aumento de conhecimento científico. O
primeiro momento considerou o encontro com os enfermeiros, no dia do plantão, no horário de café,
em sistema de rodízio, de 15:00h às 17:00h e de 19:00h às 21:00h, para a leitura do TCLE, entrega do
instrumento de pesquisa e fornecimento de orientações sobre o seu preenchimento. O segundo
momento, diz respeito à realização das entrevistas, gravadas em aparelho celular, após a anuência dos
participantes, a partir de perguntas semiestruturadas sobre o atendimento à dimensão psicoafetiva do
cliente com DRC. O terceiro momento, por sua vez, refere-se à reclusão do pesquisador para a leitura
flutuante, releitura exaustiva e transcrição na íntegra dos dados. A análise temática foi adotada como
técnica para garantir a confiabilidade dos dados, seguida da frequência simples dos diagnósticos e das
intervenções propostas. Resultados: a categoria identificada intitula-se: “sinais corporais de uma
dimensão psicoafetiva percebida por enfermeiros na nefrologia”. Nela, o marcador Psicológico esteve
relacionado a respostas como a Emoção (100%), a Sexualidade (71,42%) e a Imagem (64,28%),
expressas, sobretudo, a partir de sentimentos e conflitos internos gerados na vida do cliente com DRC,
uns negativos outros não, como a ansiedade, pela dependência à terapia, desconhecimento dos
familiares, presença da fístula arteriovenosa, hálito urêmico e surgimento de aneurismas. Outro
marcador, o Biológico, associado a respostas como a educação (78,57%) e a conscientização
(78,57%), pelo conhecimento deficiente do cliente sobre o que é possível consumir diariamente e
comportamentos de risco à vida, como a ingestão excessiva de líquidos, que pode gerar nele sensação
de fraqueza e mal-estar. O marcador Sociológico, a respostas como o vínculo (78,57%), à
sensibilização, (78,57%) e à informação (57,14%), pela pouca participação da família nos hábitos
nutricionais, e convívio familiar e social alterado pelo ritmo cotidiano, que afeta as atividades de
trabalho, os laços amorosos e a vida conjugal. O marcador Espiritual, a respostas como a Esperança
(78,57%), pela perda da fé/religiosidade, perda do sentido da vida, e/ou ausência da religiosidade
durante o tratamento. Conclusão: Os significados atribuídos pelos enfermeiros relacionaram-se aos
comportamentos emocionais negativos percebidos no cliente com DRC como a dificuldade de adesão
ao tratamento, à dieta, à ingestão de líquidos e ao consumo diário de medicações. A emoção, nesse
sentido, foi considerada uma resposta importante ao cuidado de enfermagem, que ajuda
significativamente na tomada de decisões, gerenciamento, e identificação de danos à saúde.