A carne suína é a mais consumida no mundo e uma importante fonte de proteína. Neste cenário o Brasil é o quarto produtor mundial e o Paraná está como terceiro produtor nacional. O sistema de confinamento é o principal meio de criação na região Sul, que é dividido em unidade produtora de leitões e de terminação, sendo responsável por suprir grande parte da demanda de carne. Este modelo é um importante meio de disseminação de patógenos. Entre os diversos patógenos, está Staphylococcus aureus, que é responsável por diversos problemas clínicos na suinocultura e em humanos. Este micro-organismo possui natureza ubíqua sendo considerado um indicador de higiene na indústria de alimentos. O S. aureus pode causar doenças transmitida por alimentos (DTA), pela produção de enterotoxinas. Atualmente cepas resistentes à meticilina (MRSA) e vancomicina (VRSA), responsáveis por casos de infecções nosocomiais são as mais estudadas já que o MRSA está disseminado em ambientes extra hospitalares e tem sido isolado de vários animais domésticos, inclusive suínos. Deste modo, o objetivo do presente projeto foi rastrear a contaminação de S. aureus resistente a diferentes antimicrobianos na cadeia produtora de suínos. Foram identificados possíveis focos de contaminação durante o processo. O estudo foi conduzido em granjas de terminação de suínos e em abatedouro localizados no extremo oeste do Paraná. Com os resultados, obtivemos dados da contaminação nas etapas de produção, bem como identificação da disseminação de cepas de MRSA e o perfil de resistência para antimicrobianos da região estudada. Dez granjas de criação de suínos (terminação) e um frigorífico foram selecionados para coleta de 540 amostras ao longo da cadeia produtiva de carne suína, que foram submetidas a enumeração de SCP e S. aureus, e posterior isolamento e identificação molecular de S. aureus. A contaminação por Staphylococcus aureus foi dentro do limite aceitável (<2 log UFC/cm²) em 530 (98,1%) amostras, entre 2 e 3 logs UFC/cm² em 2 (0,4%) amostras, entre 3 e 4 logs UFC/cm², em 1 (0,2%) amostras e superior a 5 logs UFC/cm² 7 (1,3%) das amostras. Contagens superiores a 4 log UFC/cm² foram observadas em baias de terminação e pocilgas de espera. A enumeração de SCP foi possível em 20 (25%) isolados, sendo três (%) referente ao piso da baia na granja, 10 (1,8%) foi obtida da pocilga de espera no abatedouro e sete (1,3%) das amostras de carcaça após a sangria. Considerando as diferentes etapas de processamento, não foram observadas isolados SCP entre as demais amostras obtidas no ambiente de processamento e nos produtos finais. Um total de 20 isolados de SCP foram selecionados e caracterizados quanto ao perfil bioquímico, porem apenas 18 confirmaram a presença do gene femA para identificação de S. aureus. Assim, 18 isolados de S. aureus foram submetidos a caracterização de seus perfis de resistência em relação a 10 antimicrobianos, por testes de susceptibilidade e pela pesquisa de genes relacionados a resistência. Considerando os resultados fenotípicos, 100% dos isolados de S. aureus apresentaram resistência a sulfamethoxazole (SUL), a penicilina (PEN), a eritromicina (ERI) e a tetraciclina (TET); 94,40% a ciprofloxacina (CIP) e ao cloranfenicol (CLO); 88,8% a gentamicina e 16,6% a oxacilina (OXA), todos apresentaram sensibilidade a rifampicina (RIF) à vancomicina (VAN). Os 18 isolados foram resistentes a todos os antimicrobianos testados, sendo que três dos isolados (pocilga e carcaça) a oito antimicrobianos, 13 (baias, pocilgas e carcaças) apresentaram resistência a sete antibióticos, um referente a pocilga de espera foi resistente seis antimicrobianos e um isolado da carcaça foi a quatro antimicrobianos; o perfil de resistência a PEN-GEN-ERI-TET-CIP-SUL-C foi o que apresentou maior frequência entre os isolados de S. aureus (n = 13). Em relação aos genes relacionados a resistência a diferentes antimicrobianos, 100% dos isolados de S. aureus apresentaram resultados positivos para blaZ (PEN), 22,2% para femB (OXA); para gene mecA (OXA) 50% dos isolados; não foram observados resultados positivos para tetK (TET), vanA (VAN) e mecC (OXA). Entre os isolados de S. aureus, três não apresentaram nenhum dos genes pesquisados, quatro apresentaram apenas um dos genes isolados (blaZ, femB e mecA), cinco apresentaram simultaneamente os genes mecA-blaZ, cinco somente para o gene blaZ, e um os genes femB-blaZ. Os resultados obtidos demonstram a presença de SCP e S. aureus apenas nas etapas iniciais de produção, importante por se tratar de um indicador de manipulação e higiene dentro da cadeia produtiva de carne suína. Também verificamos a presença de cepas com multirresistência e heterorresistencia aos diferentes antimicrobianos testados, bem como a confirmação e cepas MRSA dentro dos isolados além da presença de heterorresistencia entre os isolados, mostrando a importância do monitoramento microbiológico por metodologias fenotípicas e moleculares.