Objetivos: Verificar a prevalência de deficiência de Vitamina D (VD) em pacientes submetidos ao Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas (TCTH) antes e depois do início do protocolo de coleta dos níveis séricos de 25-hidroxivitamina D [25 (OH) D]. Determinar a variação dos níveis séricos nos primeiros cem dias pósTCTH, investigar as alterações do estado nutricional ao longo do TCTH e comparar com o desenvolvimento da Doença do Enxerto contra Hospedeiro (DECH) e mortalidade. Métodos: estudo retrospectivo, realizado com pacientes adultos submetidos ao TCTH alogênico. Os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo 1, pacientes submetidos ao transplante antes do início do protocolo e grupo 2, pacientes submetidos após o início do protocolo. Os níveis séricos de 25 (OH) D préTCTH, foram analisados individualmente e comparados em relação ao desenvolvimento da DECH aguda e crônica. No grupo 2, foi possível observar a variação dos níveis séricos de 25 (OH) D em quatro momentos, pré-TCTH, D+15, D+60 e D+100, os dados foram comparados com a suplementação ou não de VD, desenvolvimento de DECH e parâmetros do estado nutricional, como índice de massa corporal (IMC) (kg/m²), ângulo de fase (AF) (°), ângulo de fase padronizado (AFP), massa magra e massa gorda (kg), obtidos através da realização do exame de bioimpedância elétrica (BIA). Resultados: Foram avaliados 65 pacientes, com idade média de 52,9±16,4 anos, sendo 42% do sexo feminino e 58% do sexo masculino. Destes 39 foram submetidos ao TCTH antes do início do protocolo (grupo 1) e 26 após o início do protocolo (grupo 2). No grupo 2, foi observado um aumento médio significativo dos níveis séricos de VD pré-TCTH de 6,2 ng/ml (p=0,039), quando comparado com o grupo 1. Durante os primeiros 100 dias, na avaliação do grupo 2, 63% dos pacientes mantiveram níveis séricos de VD suficientes (≥ 20ng/mL), 21% passaram do nível de deficiência (<20 ng/mL) para suficiência de VD e apenas 16% dos pacientes com deficiência de VD permaneceram deficientes até o final do acompanhamento. Foi observado um aumento médio nos níveis séricos de 6,21 ng/mL no D+100 em comparação a dosagem inicial (p<0,001), no grupo 2. Na análise do estado nutricional, foi verificada uma redução significativa no IMC e na massa magra no decorrer do acompanhamento (p<0,001). Não foi constatada diferença significativa entre níveis séricos de VD e desenvolvimento de DECH, IMC e massa
magra. Contudo, foi observado que pacientes com AF inicial inferior apresentaram maior taxa de mortalidade até o D+100 e até o D+365, (p=0,021) e (p= 0,015), respectivamente. Conclusão: A participação de toda equipe multiprofissional no acompanhamento da VD e a inclusão do protocolo de coleta de 25 (OH) D durante os 100 primeiros dias foram fundamentais na redução da sua deficiência. No nosso estudo, foi observado que AF reduzido na avaliação inicial está relacionado com mortalidade no primeiro ano de vida, sendo um parâmetro simples, prático e de fácil execução em pacientes submetidos ao TCTH. Todos esses achados reforçam a importância da avaliação e acompanhamento nutricional antes, durante e após o TCTH.