MOTTA, Thais da Costa. A formação continuada e a dimensão formativa do cotidiano:
narrativas de encontros entre professoras e crianças na Educação Infantil em Itaboraí. 2019.
189f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Formação de Professores,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2019.
Esta pesquisaformação é tecida em uma relação dialógica entre um aporte
teóricometodológico de base (auto)biográfica e os estudos nos/dos/com os cotidianos, tendo
como tripé, a articulação entre três campos: as concepções de infância, as práticas
pedagógicas com crianças pequenas e a formação docente. A justificativa está intimamente
imbricada à minha história, como professora da Educação Infantil e por todas as experiências
de vida e formação, ligadas às infâncias, forjando em mim, as seguintes inquietações: que
contribuições as diferentes perspectivas da formação continuada trazem para a formação das
professoras das pequenas infâncias, sejam elas instituídas, oferecidas pelas Secretarias de
Educação e/ou Universidades e, ainda, as instituintes, produzidas nas relações, no cotidiano
dos espaços de Educação Infantil? Que reflexões as professoras fazem ao narrarem, por
escrito, as experiências vividas no cotidiano com as crianças? Que contribuições a formação
continuada vivida no cotidiano com as crianças pode favorecer às praticaspolíticas mais
dialógicas na Educação Infantil? No caminho, por compreender tais questões, encontrei nas
narrativas pedagógicas, um modo outro de refletir sobre o saberfazer docente e os saberes das
crianças, ao estabelecer diálogos com Antônio Nóvoa, Gaston Pineau, Marie-Christine Josso,
Jacques Rancière, Maria Conceição Passeggi, Inês Bragança e Guilherme Prado. As
narrativas escritas, como possibilidade de aprender sobre o saber da experiência e a práxis, ao
relacionar uma epistemologia da escuta a uma epistemologia da prática – uma pedagogia da
participação. Para tal, tenho Walter Benjamin, Michael de Certeau, Jorge Larrosa e Mikhail
Bakhtin, Paul Ricoeur e Júlia Oliveira-Formosinho, como autores que me auxiliam a pensar a
docência, como um processo de criação e ato responsável. Tudo isso em diálogo com os
estudos sociais das infâncias, trazidos por Sônia Kramer, Walter Kohan, Chris Jenks e
Giorgio Agamben. Como metodologia investigativa, desenvolveu-se o Curso de Extensão
“Das Artes de Fazer às Artes de Dizer na Educação Infantil”, no segundo semestre de 2017,
em Itaboraí, propondo-se a escrita das narrativas docentes nos diários de itinerância. Desse
modo, objetivo perceber os sentidos da formação, por meio de um diálogo compreensivo com
as narrativas das professoras em conversas com as crianças. Narrativas, que contam sobre as
concepções, as quais fundamentam as práticas pedagógicas com os pequenos, versando sobre
as experiências e a formação. Assim, apoio-me estudos de Bakhtin e Ricoeur para buscar, na
compreensão hermenêutica, as lições das experiências – para mim e para elas – em cada uma
das narrativas escolhidas, pelas próprias professoras, como, especialmente, formadora.
Diálogos sobre diálogos. Evidenciam uma ciência da prática por meio da metarreflexão sobre
as experiências formadoras. Reafirma a criança e seus saberes como mobilizadores da
formação docente e conclama a continuidade na luta por políticas públicas de valorização
das/os professoras/es e do direito das crianças.