A eficácia dos fitosteróis suplementados à dieta usual ou mesmo seu consumo habitual, para obter níveis significantes de redução de LDL colesterol, está bem documentada, porém pouco se conhece sobre consumo habitual de fitosteróis, redução de LDL-colesterol e sua associação com aterosclerose subclínica. Objetivos: Estimar o consumo de fitosteróis na população do ELSA Brasil e determinar sua associação com os marcadores de aterosclerose subclínica. Métodos: Estudo prospectivo composto por participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - ELSA Brasil. De um total de 15.105 participantes, selecionou-se 5.061 indivíduos do Centro de Investigação São Paulo (CI-SP), em prevenção primária, cujos questionários de frequência alimentar (QFA), espessura da íntima média carotídea (IMT), escore de cálcio coronário (CAC) e velocidade de onda de pulso (VOP) eram disponíveis e, excluiu-se aqueles em uso de hipolipemiantes, ou em prevenção secundária. O consumo alimentar foi avaliado e indivíduos com valor energético total <500 kcal/d ou acima de 4000 kcal/d foram excluídos. Nossa amostra final foi composta de 2560 participantes, O IMT e a VOP foram categorizados em quartis ou <P75 e >P75; o CAC foi categorizado como = ou >zero. Para estimar o consumo total de fitosteróis (mg/dia) utilizou-se das informações do QFA usando um software de nutrição desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo. Para a análise do consumo de fitosteróis foi utilizado software desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo, capaz de quantificar o consumo diário de fitosteróis em mg/dia com base nos dados extraídos dos questionários de frequência alimentar já aplicados no início do estudo. A análise da associação entre CAC, IMT e VOP (variável dependente) e demais variáveis foi realizada através do método de regressão logística e linear, utilizando-se de modelos uni e multivariados. Em todos os testes foi utilizado o nível de significância bicaudal p< 0,05. Resultados: Os valores médios (DP) para o consumo de fitosteróis foram 256,08 (±197,87), CAC 22,78(±110,53), VOP 9,07(±1,59), e IMT 0,57(±0,11). O consumo de fitosteróis, CAC, VOP e IMT foram maiores nos homens comparado às mulheres (P<0,001). O consumo de fitosteróis >P75 se associou com menores concentrações de colesterol, HDL-c e LDL-c, maior concentração de triglicérides (P<0,01), maior valor calórico total, maior consumo de fibras e > VOP (P<0,01). A regressão logística univariada e a regressão linear univariada demonstraram que o aumento da VOP apresentou relação com o aumento do consumo de fitosteróis (P<0,02 e P<0,001, respectivamente). Entretanto, após o ajuste por outros fatores de riscos cardiovasculares, essa associação desapareceu (P=NS). Não se observou associação entre CAC e IMT com o consumo de fitosteróis. Conclusão: Com os dados da linha de base do ELSA Brasil evidenciamos que nessa coorte de indivíduos aparentemente saudáveis, o consumo de fitosteróis na dieta habitual associou-se a menores valores de colesterol total e LDL-c, sem associação com os marcadores de aterosclerose subclínica. Este é o maior estudo que avaliou o consumo habitual de fitosteróis na dieta e marcadores de aterosclerose subclínica, abrindo perspectivas para a importância clínica de fontes naturais de fitosteróis na saúde cardiovascular.