Diante da complexidade que envolve as práticas pedagógicas, temos, nessa dissertação, um estudo sobre como as ações dos educadores mantém relação com os inúmeros contextos e saberes que se movimentam na cotidianidade dos seus fazeres, em um processo que se alterna em ações práticas repetitivas que se aproximam da ação instrumental e estratégica e se realizam para atender, prioritariamente, o mundo do sistema e as ações práticas criativas, comunicativas e intersubjetivas conduzidas na ação educativa com vistas ao desenvolvimento de processos emancipatórios. Assim, discutimos sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas pela equipe gestora e docente em uma escola de Ensino Médio no Município de Martins/RN, na perspectiva da teoria da Ação Comunicativa em Jürgen Habermas (1999, 1987). Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa em que utilizou-se a metodologia etnográfica educacional, além da pesquisa documental e exploratória. Os participantes deste trabalho estão divididos em dois grupos: a equipe gestora, composta por quatro membros, e os docentes, representados por três professores com formações diversificadas. Para a coleta de dados, utilizamos os seguintes instrumentos: observação participante, roteiro para observações, diário de bordo e entrevistas semiestruturadas. Os dados foram analisados mediante a análise de conteúdo consoante Bardin (2011), considerando categorias elencadas a partir da teoria habermasiana a saber: participação, não coerção, tipos de ação, atos de fala, entendimento, intersubjetividade, que perpassaram tanto os instrumentos utilizados como as pesquisas documentais no Projeto Político Pedagógico e em atas de reuniões administrativas e pedagógicas. Os resultados sugerem a percepção da existência de práticas centralizadoras, denotando fragilização da gestão democrática e isolamento pedagógico, ainda no cerne das problemáticas escolares que se mantém arraigadas à racionalidade instrumental. Contudo, relações simétricas entre os docentes e coordenadores pedagógicos, trabalhos coletivos entre os alunos e a reflexividade encontrada nos atos de fala dos participantes, ensejam possibilidades de ações não mais direcionadas, prioritariamente, pelo produto ou por resultados técnicos, mas sim pelo entendimento intersubjetivo e possíveis consensos nos espaços escolares.