FERREIRA, R. Desenvolvimento de Cystoisospora felis em cultivo celular e produção in vitro de cistos monozoicos. Salvador, 2019. 59p. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal nos Trópicos) - Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia.
Cystoisospora felis é um coccídio excretado nas fezes de felinos domésticos. A infecção nos gatos ocorre pela ingestão de oocistos esporulados ou ingestão de hospedeiros intermediários infectados com o parasito. Esses protozoários, ao infectarem os hospedeiros intermediários, a exemplo de camundongos, induzem a formação de cistos monozoicos extraintestinais. O objetivo desse estudo foi caracterizar o desenvolvimento de C. felis em cultivo celular. Oocistos do parasito, excretados por filhotes de gatos naturalmente infectados, foram induzidos à esporulação em dicromato de potássio a 2%, e posteriormente, armazenados a 4°C até o momento do uso. Para o excistamento dos esporozoitos e posterior infecção em cultivo celular, utilizou-se um método de descontaminação da solução fecal contendo oocistos, seguido de lise dos oocistos mediante o uso de esferas de vidro. Todos os oocistos deste estudo, independente do tempo de conservação (todos inferiores a um ano), apresentaram infectividade em cultivo celular. Esporozoítos móveis extracelulares foram visualizados sobre as monocamadas celulares imediatamente após a inoculação, observando-se aumento do tamanho dos mesmos 24 horas pós-inoculação (PI). Esporozoítos intracelulares estavam presentes 24 horas PI e não apresentaram movimentação quando examinados ao microscópio óptico. Três dias PI já foi possível notar a formação de vacúolos parasitóforos (VP) compatíveis com cistos monozoicos. No quinto dia PI, esses cistos apresentavam tamanhos variados contendo um único zoíto no interior de um VP. Células infectadas com C. felis foram mantidas substituindo-se o meio de cultura a cada 48 horas, não ultrapassando cinco dias PI, pois com o rápido crescimento da monocamada celular de célula Vero, a visualização dos cistos ficava comprometida. Zoítos móveis foram observados após exposição dos cistos monozoicos a solução de pepsina ácida, indicando que esse estágio pode ser um meio de infecção para animais infectados oralmente com o parasito. O cultivo in vitro de cistos monozoicos de C. felis, até o momento nunca relatado na literatura, pode favorecer uma série de estudos futuros, a exemplo de testes de sensibilidade e resistência a drogas anticoccidianas. Adicionalmente, pode servir como modelo para o estudo de Cystoisospora belli, causador da coccidiose humana, e de outros protozoários relacionados, incluindo Cystoisospora suis, Toxoplasma gondii e Neospora caninum.