Objetivou-se com este estudo avaliar o consumo de nutrientes,
desempenho, comportamento ingestivo e perfil bioquímico, no capítulo I, e as
características qualitativas e quantitativas da carcaça e da carne, no capítulo II, de
cordeiros Soinga, alimentados com dietas à base de silagens de mucilagem de sisal, com
e sem aditivos. Durante 60 dias, trinta e dois cordeiros Soinga, de peso vivo inicial de
19±1,38 kg foram distribuídos, em delineamento inteiramente casualizado, com oito
repetições e quatro tratamentos para o capítulo I e vinte e quatro cordeiros Soinga, de
peso vivo inicial de 19,11 ± 3,41kg, com seis repetições e quatro tratamentos. Os
tratamentos utilizados foram: 1) dieta Controle (CON) com 450 g/kg de palma forrageira
mais 150 g/kg de feno de Tifton; 2) dieta MUC com 450 g/kg da silagem de mucilagem
de sisal sem aditivo mais 150 g/kg de feno de Tifton; 3) dieta MUCTRI com 450 g/kg de
silagem de mucilagem de sisal com aditivo 1 (farelo de trigo) mais 150 g/kg de feno de
Tifton e 4) dieta MUCMI com 450 g/kg da silagem de mucilagem de sisal com aditivo 2
(milho moído) mais 150 g/kg de feno de Tifton; que constituíam 600 g/kg da fração
volumosa. 400 g/kg da fração concentrada foram constituídas dos ingredientes farelo de
trigo, farelo de soja e milho moído em diferentes proporções para o balanço
proteico/energético das dietas e mais sal mineral (15g/kg). Para o capítulo I, que referese
ao desempenho, comportamento ingestivo e perfil bioquímico sanguíneo, o consumo
de matéria seca e proteína bruta dos cordeiros que consumiam a dieta MUCMI, com
valores de 1129 e 147 g/dia, foram menores (P=0,0461 e P=0,0108, respectivamente) que
dos cordeiros da dieta CON, que tiveram consumo de 1242 e 171 g/dia, respectivamente;
já o consumo de fibra em detergente neutro dos cordeiros das dietas MUC (367 g/dia) e
MUCTRI (389 g/dia) foi maior (P=0,0002) que daqueles da dieta CON (315 g/dia). O
consumo de energia metabolizável dos cordeiros da dieta MUC (2,26 Mcal/dia) foi menor
(P=0,0005) que daqueles da dieta CON, que tiveram consumo de 2,43 Mcal/dia. O ganho
médio diário dos cordeiros que consumiam a dieta MUC (200 g/dia) foi menor
(P=0,0391) que dos cordeiros que consumiam a dieta CON (230 g/dia) e ainda menor que
a média de 240 g/dia daqueles das dietas MUCTRI+MUCMI. Os cordeiros da dieta CON
ingeriram menos água via bebida que os cordeiros das dietas MUC, MUCTRI e MUCMI.
Já a ingestão de água contida no alimento teve comportamento inverso, em que os cordeiros da dieta CON tiveram maior ingestão que aqueles das dietas MUC, MUCTRI e
MUCMI. Os cordeiros que consumiam a dieta MUC despenderam 293 e 453 min./dia
para tempo de alimentação e de ruminação, os quais foram maiores que dos cordeiros da
dieta CON, que despenderam 196 e 352 min./dia, respectivamente; que, por sua vez,
despenderam menor tempo de ócio de 694 min./dia que aqueles da dieta CON, que
despenderam 892 min./dia. O perfil bioquímico sanguíneo dos cordeiros não sofreu
alterações. Assim, recomendam-se as silagens de mucilagem de sisal aditivadas em dietas
de cordeiros Soinga que proporcionaram resultados satisfatórios no desempenho animal,
sem comprometer o perfil enzimático, proteico e energético. No capítulo II, referente ao
estudo das características da carcaça e da carne dos cordeiros Soinga, não houve diferença
entre as dietas para peso corporal ao abate e ganho médio diário dos cordeiros, com
médias de 32,38 ± 3,44 kg e 222 g/dia, respectivamente. Os pesos de carcaça quente
(14,943 kg) e carcaça fria (14,460 kg) dos cordeiros que consumiam a dieta MUC foram
menores que daqueles da dieta CON, que tiveram peso de carcaça quente de 17,263 kg e
peso de carcaça fria de 16,717 kg. Entre as medidas morfométricas houve diferença para
a largura da garupa dos cordeiros que consumiam a dieta MUC (21,8 cm), que foram
menores (P=0,0252) que daqueles da dieta CON (24,3 cm). Já a paleta e perna dos que
consumiam a dieta MUC foram menores (1,368 kg) e (2,265 kg) que dos cordeiros da
dieta CON, com pesos de 1,578 e 2,557 kg, respectivamente. O peso de perna resfriada
dos cordeiros que consumiam a dieta MUC (2,222 kg) foi menor (P=0,0247) que daqueles
da dieta CON, com peso de 2,530 kg. O total de músculos da perna dos cordeiros da dieta
MUC (1,281 kg) foi menor (P=0,0223) que daqueles da dieta CON (1,500 kg). As
relações médias de músculo/osso e músculo/gordura da perna dos cordeiros foram de 3,9
e 2,8, respectivamente. As perdas por gotejamento foram maiores (P=0,0093) na carne
dos cordeiros que consumiam a dieta MUCTRI (1,5%) que daqueles da dieta CON
(1,0%). Já a força de cisalhamento foi menor (P=0,0330) na carne dos cordeiros que
consumiam a dieta MUC, com 0,8 kgf/cm2, que daqueles da dieta CON (1,0 kgf/cm2).
Recomenda-se as silagens de mucilagem de sisal, com e sem aditivos, que
proporcionaram características da carcaça e da carne dos cordeiros Soinga satisfatórias.