Os gatos possuem um importante papel na disseminação de zoonoses através da arranhadura e mordedura. Associado a esse fator, a estreita convivência entre os animais domésticos e o homem também facilita a disseminação de doenças transmitidas por esses animais. Esse compartilhamento do nicho urbano tem despertado o interesse e a necessidade de investigações acerca da ligação entre seres humanos e os animais domésticos como potencias reservatórios de doenças, dentre as quais podemos destacar zoonoses fúngicas. Dessa forma, o uso de técnicas viáveis de isolamento e cultivo fúngicos se torna cada vez mais importante e necessário para a identificação dos fungos que albergam as garras dos felinos. Sendo assim, objetivou-se comparar as técnicas de imprint e espalhamento para o isolamento e identificação dos fungos patogênicos e não-patogênicos presentes nas garras dos felinos semidomiciliados da microrregião de Ilhéus e Itabuna, do estado da Bahia. A amostragem foi composta por 150 felinos. A metodologia foi dividida em duas técnicas. Na primeira, 100 gatos semidomiciliados foram submetidos à técnica de imprint, na qual as garras desses animais eram “fincadas” em placas contendo o Ágar Micobiótico Seletivo e incubadas a 25ºC durante 30 dias. A primeira leitura foi realizada 15 dias após a incubação e a segunda leitura 30 dias após a incubação. Dos 100 gatos, 50 foram submetidos à antissepsia de todas as garras e 50 submetidos à antissepsia de apenas um dos membros. A técnica de espalhamento, por sua vez, foi utilizada com as amostras coletadas de 50 gatos semidomiciliados. Para coletar o material das unhas e dígitos dos felinos foi utilizado o swab estéril umedecido com solução fisiológica presente em tubos de ensaio de vidro e em seguida friccionado três vezes em cada face da unha (parte cranial, dorsal, lateral direita e esquerda). Posteriormente, oswab foi devolvido ao tubo contendo a solução fisiológica, para posterior espalhamento em placas contendo o ágar Mycosel Mycobiotic e incubadas a 25ºC durante 30 dias. As leituras foram realizadas 7–15-20-30 dias após a incubação. A partir da técnica de espalhamento isolaram-se: Acremonium spp. (1,5%), Aspergillus spp. (5%), Cladosporium spp. (2,5%), Exophialia spp. (1,5%), Fusarium spp. (5%), Geotrichum spp. (0,5%), Mucor spp. (12,5%), Paecilomyces spp. (1%), Penicillium spp. (4,5%), Rhizopus spp. (2%), Rhodotorula spp. (6,5%), Trichoderma spp. (4,5%), Trichosporon spp. (1%). Não foram isolados Sporothrix spp. das garras dos felinos submetidos ao estudo. A técnica de imprint das garras não se mostrou útil para isolamento e identificação.