Os manguezais e estuários são ambientes com alta biodiversidade, mas que estão ameaçados devido a impactos antrópicos. Esses locais têm também grande importância para as populações ribeirinhas, que utilizam moluscos, crustáceos e peixes como fonte de renda e subsistência. Moluscos bivalves, além de fonte alimentar, também são úteis como indicadores biológicos devido ao seu hábito alimentar filtrador. Por meio da filtração branquial, esses animais conseguem bioacumular diversas substâncias que podem ser contaminantes, dependendo do nível de concentração. Ostras pertencem à família Ostreidae. No Brasil, as ostras de maior interesse econômico pertencem ao gênero Crassostrea, com duas espécies nativas (C. rhizophorae e C. gasar), ambas usadas como recurso extrativista e na ostreicultura. Neste estudo teve-se por objetivo determinar o potencial de bioacumulação de elementos químicos (metais-traço e macro e micronutrientes) em Crassostrea sp. e no sedimento em regiões estuarinas do município de Ilhéus, Bahia. As coletas das ostras foram realizadas em três pontos amostrais: Estação 1 (sobre rochas fixadas na ponte do Cururupe), Estação 2 (afloramento rochoso da Sapetinga) e Estação 3 (Teotônio Vilela, leito do rio Cachoeira) entre janeiro e abril de 2018. O sedimento foi coletado nas estações 1 e 2. A carne dos animais foi liofilizada e o sedimento foi seco em estufa. A digestão das amostras de ostras foi realizada em forno microondas e a do sedimento em forno do tipo bloco. A quantificação dos elementos foi realizada em espectrômetro de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado. Após tratamento estatístico descritivo, os dados foram comparados através de Análises de Variância, ao nível de confiança de 95%. Os elementos encontrados foram: Cálcio, Magnésio, Potássio, Enxofre e Fósforo (Macronutrientes) e Cobre, Zinco, Manganês e Ferro (Micronutrientes). Houve diferença significativa (p<0,05) entre estações amostrais, épocas (meses) e ambientes (ostra e sedimento) para todos os elementos. Exceto para o Manganês e o Ferro, nas ostras observou-se valores maiores em relação ao sedimento, concluindo-se que estas bioacumulam substâncias presentes no ambiente. Nutricionalmente, estas excederam os valores médios recomendados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), logo, conclui-se que estas são uma adequada fonte de minerais, excluindo-se o Cobre.