Analisar incidentes durante sessões de hemodiálise à beira leito realizadas em Unidades de Terapia Intensiva. INTRODUÇÃO: As Unidades de Terapia Intensiva são ambientes de assistência de alta complexidade, propícios a
ocorrência de incidentes. Um dos tratamentos complexos realizados nesses serviços é a hemodiálise à beira leito, indicada pelo médico nefrologista ao paciente grave, visando mantê-lo metabolicamente estável. A hemodiálise à beira leito é adaptada ao ambiente da Unidade de Terapia Intensiva, embora a legislação ainda seja incipiente.
Sessões de hemodiálise podem provocar incidentes que comprometam a segurança dos pacientes. São circunstâncias com potencial de causar danos como lesões, incapacidades e até óbito. Sendo assim, faz-se necessário entender a etiologia, os fatores contribuintes e as possíveis consequências desses incidentes como subsídios para estratégias de promoção da segurança do paciente, envolvendo os profissionais que realizam a assistência em hemodiálise na busca por uma cultura SLED de melhoria contínua. METODOLOGIA: Estudo transversal, analítico, retrospectivo,
desenvolvido em dez Unidades de Terapia Intensiva de Goiânia-GO, durante as sessões de hemodiálise realizadas por clínica especializada terceirizada. A coleta de dados foi realizada por meio da análise das notificações de incidentes realizadas pela equipe técnica de enfermagem na ficha de prescrição de hemodiálise à beira leito, no
período de março à abril de 2018, utilizando um instrumento estruturado elaborado para esse fim. Foi realizada análise descritiva para os dados categóricos, apresentados em frequências absolutas (n) e relativas (%) e para os dados contínuos em média e desvio-padrão da média. Para testar a homogeneidade dos grupos em relação às proporções foi utilizado o Teste Exato de Fisher bicaudal. A pesquisa tem aprovação ética sob CAAE nº61669016.2.0000.5078. RESULTADOS: Durante o período da coleta de dados foram realizadas 873 sessões de hemodiálise e registrados 563 incidentes. Os incidentes foram prevalentes em pacientes do sexo masculino, acima de 60 anos, portadores de diabetes mellitus que realizaram hemodiálise na modalidade, por meio de cateter central para hemodiálise e sem
heparina. Dentre os incidentes notificados, 46,00% (259) foram considerados inerentes ao tratamento, com destaque à hipotensão, 28,06% (158) incidentes com tecnologia de saúde, com relato predominante de vazamento do sistema de
tratamento de água (osmose portátil), 20,43% (115) incidentes do cuidado, com destaque para incompatibilidade do acesso ao fluxo prescrito e 0,35% (02) incidentes com produtos para a saúde. Esses incidentes em sua maior frequência foram identificados pelo técnico de enfermagem, que assistia a sessão de hemodiálise, antes do dano ao paciente, porém, requereram vigilância, geraram atraso para o início da sessão e não obtiveram apoio da equipe multiprofissional da unidade, no momento do incidente. Em 56,12% (132) das circunstâncias notificáveis, o profissional trabalhava por mais de 12 horas ininterruptas. CONCLUSÃO: Foram registrados em maior frequência, incidentes evitáveis, que geraram atraso para início do tratamento e requereram vigilância do paciente, apesar da não predominância de danos. São necessárias ações visionárias que mitiguem incidentes e promovam um cuidado seguro durante sessões de hemodiálise à beira leito.