Muares não se reproduzem devido à incompatibilidade no número de cromossomos
entre as espécies genitoras. Contudo, manifestam regularmente sinais de estro,
apresentando provavelmente ciclos estrais normais, assim como as fêmeas das
demais espécies. Desta forma, as fêmeas muares despertam interesse na área
reprodutiva, principalmente na área da biotecnologia da reprodução como
receptoras de embrião. Poucos estudos têm sido realizados procurando contribuir
para o entendimento do comportamento reprodutivo e de alguns aspectos
fisiológicos do ciclo estral da mula, como o e studo da dinâmica folicular durante o
intervalo interovulatório, caracterizando as fases de emergência, desvio e
dominância. Fato este que contribui para a utilização desta espécie em programas
de transferência de embrião. Este estudo teve por objetivo elucidar características
do ciclo estral e realizar a avaliação ultrassonográfica da dinâmica folicular durante o
ciclo estral de fêmeas muares. Foram acompanhados ciclos estrais de três mulas
para determinar o dia da ovulação (D0) e o início da onda folicular. O dia da
emergência do futuro folículo ovulatório foi definido como o dia em que o mesmo
atingisse 10 mm de tamanho. O início do desvio, caso acontecesse, foi designado
como o dia anterior ao dia em que ocorresse uma mudança significativa entre o
diâmetro dos dois maiores folículos associado ao não crescimento ou diminuição do
tamanho do folículo subordinado. O diâm etro máximo do folículo ovulatório foi obtido
no dia anterior ao da ovulação, e as taxas de crescimento definidas antes e após o
desvio, nos casos em que fossem observados pelo menos dois folículos. A
ecotextura do endométrio foi avaliada nas fases folicular e luteal. A fase de
emergência surgiu aos 11,66 ± 2,8 dias e o desvio aos 3,66 ± 0,57 dias, ambas
antes da ovulação. A taxa de crescimento folicular diária foi definida para ondas
foliculares que tiveram apenas um folículo na fase de emergência; e també m para
aquelas que apresentaram dois e por consequência a fase de desvio. Para a
primeira situação, a média dessa taxa foi de 3,1 ± 0,49 mm ao dia até o momento da
ovulação. Já na segunda, a média da taxa de crescimento desde a fase de
emergência até a fase de desvio foi de 3,27 ± 0,46 mm para o futuro folículo
ovulatório e de 3,23 ± 0,67 mm para o folículo subordinado, o qual sofreu atresia.
Após o desvio, o folículo ovulatório cresceu em média 3,67 ± 0,18 mm por dia até a
ovulação. Um dia antes da ovulação, o folículo dominante atingiu a dimensão média
de 37,24 ± 5,88 mm. A ecotextura variou de 0 a 1 (0 a 3) em fase luteal, e atingiu
valores máximos em fase folicular. As mudanças anatômicas e comportamentais
foram compatíveis com a fase do ciclo estral em que as fêmeas se encontravam.
Conclui-se que as variáveis avaliadas se assemelham àquelas observadas em
fêmeas equinas e asininas; porém, a baixa quantidade de oócitos ao nascimento.